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    Voos cancelados em janeiro crescem 8 vezes na comparação anual, diz levantamento

    Cerca de 226,4 mil passageiros foram afetados por cancelamentos no mês; volume é 8 vezes maior em relação ao mesmo período de 2021

    Fabrício Juliãodo CNN Brasil Business , em São Paulo

    Os cancelamentos de voos no Brasil dispararam em janeiro deste ano e superaram os níveis pré-pandêmicos, aponta pesquisa feita pela AirHelp.

    No primeiro mês de 2022, 226,4 mil passageiros foram afetados por cancelamentos de voos, bem acima dos 144,2 mil registrados no mesmo mês de 2019, último ano antes do surgimento da Covid-19.

    A alta aconteceu mesmo com 3 milhões a menos de passageiros transportados este ano frente ao período pré-pandemia.

    A pesquisa, que se baseia em registros de voos regulares, estima que passaram 6,2 milhões de passageiros pelos aeroportos brasileiros em janeiro de 2022, enquanto no mesmo período de 2019 o volume total foi de 9,2 milhões.

    A pesquisa aponta que 1 em cada 27 passageiros teve voo cancelado em janeiro contra 1 em cada 60 (ou três vezes a menos) no mesmo mês de 2019.

    Os números são ainda mais expressivos ao comparar os dados de janeiro deste ano com o mesmo mês do ano passado. O volume de cancelamentos cresceu mais de 8 vezes em relação a janeiro de 2021, quando 27,3 mil passageiros foram lesados por voos cancelados.

    Os principais responsáveis pela disparada dos cancelamentos dos voos neste início do ano foi o avanço da variante Ômicron do coronavírus e o afastamento de funcionários de companhias aéreas contaminados pelo vírus da Covid-19 ou da Influenza.

    Compensação financeira

    De acordo com a AirHelp, 4,4 milhões de passageiros podem ter direito a indenização das companhias aéreas por atrasos ou cancelamentos durante todo o ano de 2021.

    Neste ano, 170 mil pessoas estão elegíveis a pedir indenizações por atraso ou cancelamento de voos. Em 2021, o número estava na casa de 31 mil, enquanto em 2019 eram 144 mil.

    Além de voos cancelados, a pesquisa ressalta que atrasos de mais de quatro horas também são motivo de indenização.

    Para reivindicar uma indenização, a AirHelp reforça que os passageiros devem estar cientes de certas condições. A primeira é verificar se o atraso ou cancelamento realmente causou sofrimento, estresse ou lesão à pessoa.

    Isso pode significar o comprometimento de alguns acontecimentos, como faltar a uma consulta médica importante, cancelamento de contrato, demissão ou afastamento de um evento de grande relevância emocional.

    Se o passageiro já sofreu os chamados “danos morais” e pode prová-los, ele tem boas chances de obter uma indenização financeira de até R$ 10.000.

    A AirHelp aponta que o viajante tem mais probabilidade de conseguir a compensação financeira caso a companhia aérea seja a responsável direta pela interrupção do voo, problemas técnicos ou falta de tripulação, por exemplo.

    A interrupção do serviço devido a condições climáticas extremas pode ser usada como justificativa e aceita pelos tribunais como estando fora do controle da empresa aérea. No entanto, mesmo nesta situação os passageiros continuam a ter direito ao serviço e à informação.

    “Entre os principais motivos pelos quais os passageiros brasileiros não reivindicam seus direitos em caso de problemas de voo, podemos destacar a falta de conhecimento sobre como fazer uma reclamação, mas também falta de consciência dos direitos dos passageiros”, diz Luciano Barreto, diretor-geral da AirHelp no Brasil.

    Posicionamento das aéreas

    O CNN Brasil Business entrou em contato com as principais companhias aéreas do país e com a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) para comentar sobre o tema.

    A Abear informou que as operações aéreas durante todo o ano de 2021 apresentaram regularidade média dos voos domésticos de 98%, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), mas confirmou que houve remanejamentos de voos no início deste ano, sem confirmar os dados obtidos pelo CNN Brasil Business.

    “Embora a ABEAR não reconheça os dados de cancelamentos referentes a janeiro de 2022, em comparação com 2021, fornecidos para a reportagem, esclarece que no início deste ano algumas empresas aéreas tiveram de remanejar suas malhas de voos e escalas de tripulação (pilotos e comissários) por causa do contágio da variante ômicron entre alguns de seus tripulantes, seguindo os protocolos sanitários vigentes, assim como ocorreu em outros setores da economia”.

    Segundo a Associação, “as companhias retomaram o controle de suas malhas aéreas e a situação vem se normalizando rapidamente.”

    A GOL e a Azul também responderam a um pedido de comentário do CNN Brasil Business.

    De acordo com nota da GOL, a companhia aérea não teve nenhum voo cancelado por razão do aumento de casos de Covid derivados da variante Ômicron.

    “Os cancelamentos pontuais de voos da GOL em 2022 foram realizados apenas por motivos meteorológicos ou de manutenção de aeronaves. Os Clientes impactados receberam as facilidades previstas e foram reacomodados ou receberam o valor integral do bilhete, conforme opção de cada passageiro”, disse a aérea, em nota.

    “A GOL lamenta os transtornos causados por cancelamentos, mas reforça que todas as ações relacionadas aos voos são tomadas com foco na Segurança, valor número 1 da Companhia”, acrescentou.

    Já a Azul afirmou que, por razões operacionais, alguns de seus voos do mês de janeiro precisaram ser reprogramados.

    “A companhia registrou, no mês passado, um aumento no número de dispensas médicas entre seus tripulantes — casos esses que, em sua totalidade, apresentaram um quadro com sintomas leves — e tem acompanhado o crescimento do número de casos de gripe e covid-19 no Brasil e no mundo”, comunicou.

    Segundo a companhia, “os clientes afetados receberam toda a assistência necessária conforme prevê a resolução 400 da Anac”.

    A Azul também disse que mantém a normalidade de sua operação em fevereiro, “dentro dos positivos índices de regularidade que a colocaram em destaque no transporte aéreo brasileiro”.

    “A Azul tem trabalhado na conscientização e imunização de seus tripulantes e destaca que mais de 98% de seu quadro já está com a imunização completa, fazendo com que o número de dispensas médicas retornasse ao patamar histórico.”

    Já a Latam comunicou que desde o dia 9 de janeiro precisou cancelar cerca de 5% dos seus voos domésticos e internacionais em função do aumento de casos de Covid-19 e influenza entre seus tripulantes, que precisaram ser afastados.

    A companhia anunciou que mesmo com o afastamento das equipes, a oferta de assentos em janeiro e fevereiro de 2022 já opera em “níveis semelhantes ao cenário pré-pandemia”.

    “A LATAM lamenta essa situação totalmente alheia à sua vontade e não está medindo esforços para comunicar diariamente a todos com a maior antecedência possível. A companhia tem comunicado os clientes por meio dos seus perfis nas redes sociais, e-mail, SMS, WhatsApp, pelo canal Minhas Viagens em latam.com e também por meio da imprensa”, afirmou.

     

     

     

     

     

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