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    Campos Neto diz que pretende participar de audiência do Senado sobre juros

    Audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) está marcada para dia 25

    Diego Mendesda CNN São Paulo

    O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que deve participar da audiência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, marcada para o dia 25 deste mês, porém com a data sujeita a confirmação.

    Campos Neto foi um dos palestrantes de evento do grupo Esfera Brasil nesta quarta-feira (5), e adiantou ainda que também está prevista sua participação em um debate no plenário do Senado no dia 27 de abril.  “Estou à disposição quando for necessário”, disse.

    A Comissão havia cancelado a audiência pública com a participação do presidente do BC agendada para terça-feira (4). 

    Autonomia do BC

    Durante o encontro, Campos Neto explicou que o BC quer trabalhar com juros baixo, mas precisam analisar o que é sustentável para frente. “O custo de combater a inflação é muito alto e é sentindo a curto prazo. O custo de não combater é muito mais alto e é muito mais nocivo e muito mais perene”.

    O presidente do BC destacou que a inflação é um imposto muito “maligno” e incide mais em quem tem menos recursos, pois as pessoas com dinheiro se protegem por meio de algum tipo de correção monetária.

    Para ele, o desafio é comunicar bem o que BC está fazendo e que estão num ciclo independente do ciclo político, por isso a autonomia foi aprovada.

    “É importante comunicar que o BC é uma instituição que está ganhando autonomia e está ganhando institucionalidade. Não pode personalizar o BC em uma única pessoa. Do mesmo jeito que eu tenho um mandato autônomo em relação ao Executivo, todos os diretores têm mandato autônomo em relação a mim”, afirmou.

    Campos Neto enfatizou que não quer criar uma ruptura na autarquia quando se tem uma pessoa que sai e uma que entra. “O BC precisa ter uma institucionalidade para levar isso adiante”.

    Na terça-feira (4), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que mantém um diálogo em curso com o Banco Central em meio ao “cenário desafiador” vivido mediante a autonomia da autarquia.

    “É a primeira vez que o ministro da Fazenda tem que enfrentar esse tipo de cenário novo, tem que construir essa relação de confiança e parceria para poder trabalhar com foco nos mesmos objetivos e metas”, disse Haddad em participação online em evento realizado pelo Bradesco BBI.

    Na segunda-feira (3), o ministro  teve uma reunião de rotina com Campos Neto e, segundo ele, o encontro foi muito bom e os dois conversaram “sobre tudo”, sem uma pauta específica.

    “Foi uma reunião de rotina em que a gente conversa sobre vários temas, alinha informações, troca informações e estabelece alguns protocolos de como encaminhar as coisas. Foi muito boa, conversamos sobre tudo, não teve uma pauta específica”, disse Haddad a jornalistas na portaria do Ministério da Fazenda, onde ocorreu o encontro.

    “Visões diferentes”

    O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, procurou atenuar atritos com o governo durante almoço com empresários do grupo Esfera. “Sabemos que há visões diferentes dentro do governo e isso faz parte”, declarou Campos Neto, voltando a reconhecer, assim como fez mais cedo, o “esforço enorme” do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na construção de um novo marco fiscal.

    Após lembrar do tripé de câmbio flutuante, âncora fiscal e âncora monetária, o presidente do BC disse que a autarquia usa dados de contas públicas como input a projeções da inflação à frente.

    Repetiu, no entanto, que não há relação mecânica entre juros e regra fiscal, apesar da influência sobre as expectativas. “Não temos como influenciar o presente, tudo que fazemos leva tempo”, observou Campos Neto.

    Ele voltou a dizer que o marco fiscal elimina o risco de cauda de explosão da dívida pública e pontuou que o processo até a aprovação das novas regras ainda vai “amadurecer” no Congresso. “Há perguntas sobre receitas que precisam ser respondidas. Serão endereçadas.”

    Campos Neto disse ver um Congresso “super construtivo” na construção de um arcabouço que traga sustentabilidade à dívida.

    Corte de despesas

    O presidente do Banco Central disse que a dificuldade do Brasil de cortar despesas é estrutural, eximindo o atual governo. “Temos problema estrutural em cortar despesas, não é desse governo ou do anterior”, declarou Campos Neto, em almoço com empresários promovido pelo grupo Esfera.

    Ele observou que 46% das despesas já têm crescimento anual entre 1,6% e 1,7% acima da inflação “encomendado”. Assim, acrescentou, é necessário um esforço para reduzir esse crescimento para 0,6%.

    Segundo Campos Neto, o governo está tentando atingir receita maior com correção de distorções, mas que podem gerar a impressão de que alguns setores estão pagando mais impostos.

    Durante o evento, Campos Neto pontuou que ruídos atrapalham o canal de expectativas não só monetárias, mas também fiscais. “Se pessoas do governo criticam plano fiscal, o canal de expectativa fica interrompido”, declarou, ao cobrar coesão em torno do novo arcabouço fiscal.

    Audiência

    Dentre os empresários convidados pelo Grupo Esfera Brasil para o almoço que a entidade oferece ao presidente do Banco Central em São Paulo, encontram-se o CEO do Banco BTG, André Esteves, o sócio do mesmo banco e CEO da Revista Exame, Renato Mimica, e o fundador do Grupo Multiplan, Isaac Peres, um dos maiores grupos de investimentos imobiliários do País, sobretudo na área de shopping centers.

    Não há uma lista dos nomes dos empresários que estão participando do almoço, mas sabe-se que estão em um grupo de 70 empresários dos diversos setores da economia brasileira e responsáveis por mais da metade o Produto Interno Bruto (PIB) do país.

    *Com informações de Estadão Conteúdo

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