Brasil tem muito a perder em caso de guerra na Ucrânia, diz cientista político
À CNN Rádio, Maurício Santoro destacou que países envolvidos no conflito são parceiros econômicos importantes para o Brasil
O Brasil “tem muito a perder” em caso de guerra na Ucrânia, de acordo com a avaliação do cientista político e professor de Relações Internacional da UERJ, Maurício Santoro.
Em entrevista à CNN Rádio nesta terça-feira (25), Santoro lembrou que o impacto aqui será econômico. “Somos afetados pela economia global, bolsas já estão caindo e dólar subindo.”
A Rússia, União Europeia e os Estados Unidos — todos no centro das tensões — são parceiros brasileiros relevantes.
“O importante é evitar confronto com parceiros comerciais, e esse conflito na Ucrânia opõe países importantes para o Brasil. No caso da Rússia, para o mercado do agronegócio, além de fazer parte dos Brics, por exemplo”, afirmou.
“Além disso, há os laços históricos, econômicos, políticos e culturais com os Estados Unidos. O Brasil não tem nada a ganhar com guerra na Ucrânia e tem muito a perder”, completou.
Segundo o cientista político, o governo brasileiro deverá “agir com cuidado” diante do cenário delicado da região.
“O momento é de prudência, tem que se concentrar em buscar no exterior recursos de investimentos, cooperação, para recuperar a economia, em um cenário que já é sombrio, de baixo crescimento, mesmo sem guerras”, disse.
O Brasil também será impactado em caso de escalada para conflitos armados porque a Rússia é produtora de energia, como petróleo e gás, segundo Santoro. “Petróleo já está em alta, provavelmente passará de 100 dólares o barril neste ano.”
O governo brasileiro ainda não se manifestou a respeito do conflito na Ucrânia, mas o professor acredita que as autoridades do país serão pressionadas cada vez mais para que façam um pronunciamento sobre a questão.
Para Maurício Santoro, o “cenário é ruim e turbulento”. “Temos a pior situação militar na Europa em 30 anos, e o risco de guerra é muito alto, há possibilidade iminente de ataque russo contra a Ucrânia.”
O território ucraniano é alvo de disputa para os russos, que buscam ampliar a influência no local com um governo pró-Vladimir Putin, e, para isso, a Rússia quer o compromisso dos EUA e da União Europeia para que não incluam a Ucrânia em seus tratados militares e acordos econômicos.
No entanto, nem americanos, nem europeus estão dispostos a aceitar esses termos.