Boris Casoy: “Chave do cofre” não fica na mão de Guedes em ano de eleição
No quadro Liberdade de Opinião desta sexta-feira (14), comentarista Boris Casoy falou sobre mudanças na definição do orçamento para 2022
No quadro Liberdade de Opinião desta sexta-feira (14), o jornalista Boris Casoy comentou sobre o decreto publicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) aumentando o poder da Casa Civil sobre o orçamento de 2022.
A partir de agora, remanejamentos e aberturas de crédito precisarão de autorização da Casa Civil, comandada por Ciro Nogueira (PP). A CNN ouviu fontes do Ministério da Economia que afirmaram que o acordo foi costurado entre as duas pastas para centralizar os acordos políticos e proteger a equipe econômica de acertos fechados por outras áreas do governo.
Para Boris Casoy, a medida demonstra que o popular Centrão está ganhando mais poder no governo Bolsonaro. O jornalista acredita que o acordo visa agradar o eleitorado pensando na disputa para o Palácio do Planalto em outubro, aumentando os gastos públicos. “Em ano eleitoral, não vão deixar a chave do cofre na mão de Paulo Guedes [ministro da Economia], que segura o dinheiro.”
Casoy recordou que Guedes iniciou o governo com alto respaldo de Bolsonaro, sendo considerado pelo presidente como o “posto Ipiranga” para decisões sobre as finanças do governo. A postura do ministro de manter maior austeridade, porém, iria contra a vontade política. Já Ciro Nogueira, presidente afastado do Progressistas, passa a ter a função de corresponder expectativas não atendidas por Guedes.
“Deputados e senadores têm suas reivindicações. Elas eram prometidas, é o ‘toma lá, dá cá’, e elas não estavam sendo cumpridas porque, aparentemente, Paulo Guedes estava dificultando o cumprimento dessas promessas feitas por Ciro Nogueira e Flávia Arruda [ministra afastada da Secretaria de Governo]”, afirmou.
Segundo Boris, a situação causou um “desabamento” do Congresso sobre a Casa Civil. Agora, ele acredita que o Centrão, que deve comandar a campanha de Bolsonaro para a Presidência, não pode ficar com problemas na base aliada. “Não é uma equipe de bandidos, tem de tudo. Mas é uma equipe que se associou para ter vantagens políticas e eleitorais.”
“Alguns são notoriamente corruptos, mas a maioria só quer ter vantagens e para isso se elegem. Se o presidente não age com o Centrão, está perdido. Eles cuidam do interesse dos parlamentares. As emendas deles têm que ser aprovadas e cumpridas”, completou.
Boris Casoy defendeu que a única forma de acabar com o sistema de negociatas é mudando o sistema eleitoral brasileiro, citando o voto distrital como uma das formas de renovar os interesses do Congresso. Ele também afirmou que a aliança de Bolsonaro com o Centrão pode ajudar o candidato do PL na busca pela reeleição, mas que a prioridade é o próprio grupo.
“Eles têm, claro, um poder de voto. Várias prefeituras na mão, vários partidos, e conseguem a aprovação do que o presidente precisa aprovar no plenário da Câmara e do Senado. Quem resolve atacar o Centrão hoje, acaba caindo. O [Fernando] Collor deu uma banana para o Centrão e se estrepou”, relembrou.
Recorde de casos de Covid
A variante Ômicron fez o mundo bater novamente o recorde de casos diários de Covid-19. Nas últimas 24 horas, foram mais de 3,6 milhões de pessoas infectadas. Nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro sugeriu que a nova cepa seja “bem-vinda” no Brasil e que possa sinalizar o fim da pandemia. A Organização Mundial da Saúde (OMS), porém, alertou que ainda é cedo para tratar a Covid como uma doença endêmica.
Comprovante de vacina em escolas
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), afirmou que a cidade não irá exigir comprovante de vacinação contra a Covid-19 nas escolas municipais. O prefeito também declarou que, em caso de agravamento da pandemia, as escolas serão as últimas a fechar. A secretaria de educação havia informado anteriormente que exigiria o cartão de vacinação – a volta às aulas está prevista para o próximo dia 7.
Autorização do autoteste
O Liberdade de Opinião teve a participação de Boris Casoy e Fernando Molica. O quadro vai ao ar diariamente na CNN.
As opiniões expressas nesta publicação não refletem, necessariamente, o posicionamento da CNN ou seus funcionários.