Bolsonaro promete baixar conta de luz, mas não tem como cumprir, diz especialista
Coordenador do Instituto Clima e Sociedade, Roberto Kishinami afirma que crise hídrica é muito mais profunda do que governo federal admite e novos aumentos estão por vir
Em entrevista à CNN, o coordenador do Instituto Clima e Sociedade, Roberto Kishinami, disse que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não terá como cumprir a promessa de reduzir a bandeira tarifária da conta de luz.
Na quinta-feira (14), Bolsonaro disse que irá determinar ao Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que suspenda a aplicação da bandeira tarifária vermelha — a mais alta para o consumidor– e retome a cobrança “normal” a partir do próximo mês.
“O presidente fez uma declaração que não vai ter como cumprir”, disse Kishinami. “A bandeira atual já não cobre o custo que estamos tendo com todas as térmicas ligadas.”
Ele explicou que as bandeiras surgiram como um “tipo de remendo” dentro do sistema tarifário, pois foram criadas para antecipar o valor repassado às distribuidoras para pagar as geradoras térmicas.
“Se o recurso que está sendo coletado não é suficiente, as distribuidoras começam a entrar no vermelho. Vamos ter uma situação, nesse final de ano e começo do próximo, em que os demonstrativos financeiros das distribuidoras terão um quadro muito ruim, que vai exigir reajuste excepcional”, alertou. “Temos aumentos de vários tipos que virão com a energia elétrica e vai pesar cada vez mais no nosso bolso.”
Na avaliação de Kishinami, a crise hídrica é muito mais profunda do que admite o governo federal. “Houve um exagero no uso das térmicas. Logo no começo dessa crise hídrica, criticamos que o governo estava negando a profundidade e gravidade dela, e estava simplesmente acionando as térmicas.