Bolsonaro diz que discorda de propostas de Guedes para o Renda Brasil
Presidente afirmou, em religamento de forno da Usiminas, que proposta não será enviada ao Congresso
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quarta-feira (26) discordar da proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, de acabar com o abono salarial e afirmou que o projeto Renda Brasil, apresentado a ele, na véspera, pela equipe econômica não será enviado ao Congresso.
“Bem como, quando se fala na imprensa, onde [sic] discutimos a possível proposta do Renda Brasil. Ontem, falei: ‘tá suspenso, vamos voltar a conversar’. A proposta que a equipe econômica apareceu pra mim não será enviada ao Parlamento”, disse Bolsonaro ao participar da cerimônia de religamento do alto-forno 1 da Usiminas, em Ipatinga (MG).
“Não posso tirar de pobres para dar para paupérrimos. Não podemos fazer isso aí. Como por exemplo a questão do abono para quem ganha até 2 salários mínimos. Seria, né, um 14º salário. Não podemos tirar isso de 12 milhões de pessoas para dar para um Bolsa Família ou Renda Brasil, seja lá o que for o nome desse novo programa”, completou.
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O presidente disse que a única forma de o país evitar o “insucesso” é começar a produzir e a gerar empregos, definidos por ele como o “melhor programa social que existe”.
Sobre o auxílio emergencial de R$ 600 pago pelo governo federal em razão da pandemia do novo coronavírus, o presidente voltou a dizer que o valor que será pago, até dezembro, na segunda prorrogação do benefício ainda, está em discussão com a equipe econômica.
“Não podemos, ad eternum, bancar 65 milhões de pessoas com R$ 600, R$ 1.200 e algumas até com R$ 1.800 por mês. Resolvemos então, estendê-lo até dezembro. O valor não será R$ 200 nem R$ 600″, afirmou.
Retomada da Usiminas
O presidente foi a Ipatinga para o religamento do forno da Usiminas. “Estou muito feliz de estar como uma empresa como essa, um orgulho nacional e uma das melhores empresas do Brasil, que leva divisas, traz divisas e produz aqui o que interessa a nossa construção de maneira geral”, afirmou Bolsonaro.
A siderúrgica reativou nesta quarta seu principal reator químico, o alto-forno 1, que estava desativado desde abril em consequência da crise provocada pelo novo coronavírus.
Segundo a empresa, o evento representa “a retomada da produção e das expectativas da indústria brasileira” – a produção siderúrgica no país, segundo o Instituto Aço Brasil, registrou aumento de 3,5% em relação a 2019.
“Hoje é um dia de alegria para todos nós. A retomada da economia brasileira já é uma realidade e o setor aço participa ativamente”, disse Sergio Leite, presidente da Usiminas. “Estamos retomando a operação no alto-forno 1 da Usinaminas, símbolo da nossa empresa (…) que representa para nós um marco extremamente importante. Esse forno, a partir dele, produzimos nos 58 anos de operação, muita riqueza para nosso país, para nossa região, o Vale do Aço, uma das regiões mais desenvolvidas do nosso estado”, completou.
Já o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), se disse feliz de, finalmente, receber Bolsonaro no estado em “uma pauta positiva”. “Estamos aqui hoje reinaugurando o alto-forno 1 e estamos também no momento de otimismo. A pandemia em MG começa a dar sinais claros de que tanto os números de casos quanto de óbitos estão em declínio”, disse.
Zema afirmou ainda que o país “não pode ser dar ai luxo de criminalizar as atividades produtivas”. “Precisamos, sim, dar condições dignas para quem trabalha e preserva o meio ambiente, mas falar que uma empresa é criminosa porque produz riqueza, não. Precisamos mudar essa cultura.”
(A repórter Débora Freitas viajou a Ipatinga a convite da Usiminas)