BCE eleva taxa de juros da zona do euro em 0,75 p.p. pela 1ª vez desde 1999
Autarquia iniciou um ciclo de alta de juros em junho, quando elevou a taxa de depósito em 0,5 p.p.
O Banco Central Europeu (BCE) anunciou nesta quinta-feira (8) que elevou a taxa de depósito da zona do euro, a mais importante taxa de juros do grupo, em 0,75 ponto percentual, para 0,75%. É a primeira alta nessa magnitude desde 1999.
A autarquia iniciou um ciclo de alta de juros em julho, quando elevou a taxa de depósito em 0,5 p.p., retirando-a do território negativo e levando ao patamar de 0% ao ano, ante -0,5%.
A alta de 0,75 p.p. já era esperada pelo mercado, e foi a primeira desde que o euro efetivamente passou a ser empregado como moeda dos 19 países que compõem o grupo, a partir dos anos 2000.
As outras duas taxas da zona do euro, de refinanciamento e de empréstimo, também tiveram altas de 0,75 p.p., passando a valer, respectivamente, 1,25% e 1,5%.
No comunicado emitido após a decisão, o BCE afirmou que “este passo importante antecipa a transição do nível extremamente acomodatício prevalente das taxas de juro diretoras para níveis que assegurarão um regresso atempado da inflação ao objetivo de 2% a médio prazo”.
Atualmente, a inflação na zona do euro atingiu níveis recordes. No acumulado de 12 meses encerrados em agosto, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) atingiu 9,1%.
A autarquia revisou suas expectativas para a inflação em 2022 e 2023, refletindo a piora no quadro inflacionário. Para 2022, o BCE espera que a inflação encerre em 8,1%, caindo para 5,5% em 2023 e 2,3% em 2024, todos os números acima da meta de 2%.
O BCE sinalizou ainda que deve realizar novas altas de juros nas próximas reuniões de política monetária, de modo a “atenuar a procura e prevenir o risco de uma persistente deslocação em sentido ascendente das expectativas de inflação”.
“O Conselho do BCE reavaliará regularmente a sua trajetória de política monetária, à luz da informação que for sendo disponibilizada e da evolução das perspectivas de inflação. As futuras decisões do Conselho do BCE sobre as taxas de juro diretoras continuarão a depender dos dados”, destaca o comunicado.
Segundo o BCE, o cenário econômico para os próximos meses deve ser de estagnação no fim de 2022 e início de 2023, refletindo uma combinação dos efeitos da guerra na Ucrânia, problemas de oferta e os efeitos do ciclo de alta de juros.
De acordo com o banco central, “os especialistas esperam agora que a economia registre uma taxa de crescimento de 3,1% em 2022, 0,9% em 2023 e 1,9% em 2024”.