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    BCE começa a cortar juros, mas batalha contra a inflação continua

    Inflação nos 20 países que usam o euro caiu de mais de 10% no final de 2022 para um pouco acima da meta de 2% do BCE nos últimos meses

    Presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde
    Presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde 11/04/2024. REUTERS/Kai Pfaffenbach/File Photo

    Reuters

    O Banco Central Europeu reduziu os custos de empréstimos antes níveis recordes nesta quinta-feira (6), reconhecendo o avanço em sua batalha contra a alta dos preços.

    Mas também sinalizando que a batalha ainda não foi vencida já que a inflação deverá permanecer muito alta até o próximo ano.

    A inflação nos 20 países que usam o euro caiu de mais de 10% no final de 2022 para um pouco acima da meta de 2% do BCE nos últimos meses.

    Em grande parte graças aos custos mais baixos dos combustíveis e à normalização da oferta após alguns problemas pós-pandemia.

    Mas esse progresso estagnou recentemente e o que parecia ser o início de um grande ciclo de afrouxamento pelo BCE há apenas algumas semanas parece agora mais incerto devido a sinais de que a inflação da zona do euro pode se mostrar instável, como tem sido o caso nos Estados Unidos.

    O banco central decidiu reduzir sua taxa de depósito para 3,75%, de um recorde de 4,0%, no primeiro corte desde 2019.

    Mas também elevou suas previsões de inflação para este ano e o próximo, enfatizou que qualquer redução adicional dos juros dependerá dos dados recebidos e reafirmou que os custos dos empréstimos precisam permanecer altos o suficiente para controlar os preços.

    “Apesar do progresso nos últimos trimestres, as pressões internas dos preços continuam fortes já que o crescimento dos salários está elevado, e é provável que a inflação permaneça acima da meta até o próximo ano”, disse o BCE.

    Com a decisão desta quinta-feira, o BCE se junta aos bancos centrais do Canadá, da Suécia e da Suíça, desfazendo algumas das sequências mais acentuadas de aumentos das taxas de juros na história recente.

    A expectativa é de que o Federal Reserve, afetado por algumas leituras de inflação mais fortes do que o esperado neste ano, junte-se a eles no segundo semestre.

    Última Milha

    Alguns dados mais fortes do que o esperado sobre a inflação.

    Os salários e a atividade econômica da zona do euro nas últimas semanas alimentaram os temores de uma “última milha” mais difícil no caminho para a meta do BCE – uma preocupação frequentemente expressa pela influente membro do conselho Isabel Schnabel.

    A inflação no setor de serviços, que algumas autoridades têm destacado como especialmente relevante porque reflete a demanda doméstica, tem sido uma preocupação especial depois de ter avançado para 4,1% em maio, de 3,7% no mês anterior.

    A maioria dos economistas ainda espera que o BCE continue a reduzir os juros nos próximos meses e os leve para 2,50% até o final de 2025.

    Mas eles preveem apenas mais duas reduções este ano, em setembro e dezembro.

    “Novos cortes em setembro e dezembro continuam sendo nosso cenário básico”, disse o economista do HSBC Fabio Balboni em nota.

    “Porém, se a recente resiliência da inflação de serviços se mantiver, vemos cada vez mais chances de que o BCE tenha que ser mais cauteloso.”

    Uma recuperação no crescimento também reduziu a urgência para o BCE, minando o argumento de que as taxas altas estão sufocando a atividade econômica.

    Entretanto, o verdadeiro elefante na sala pode ser o Fed, e se ele iniciará ou atrasará ainda mais seu próprio ciclo de afrouxamento.

    Um Fed mais restritivo provavelmente significaria um euro mais fraco e uma inflação importada mais elevada para o bloco monetário, mas também aumentaria os rendimentos nos mercados de títulos globais – um golpe duplo cujo efeito líquido é difícil de prever.