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    BC vai atuar se mercado não absorver ajuste de US$15 bi previsto para fim do ano

    'Existe risco de o mercado não ter a capacidade, não ter profundidade, para digerir', disse o diretor de política monetária do órgão

    O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Bruno Serra, afirmou nesta quarta-feira (18) que a autoridade monetária está preparada para atuar no câmbio caso o mercado não seja capaz de absorver o volume elevado de recursos relacionados ao desmonte de posições de “overhedge” dos bancos esperado para o término do ano.

    Segundo Serra, o sistema financeiro já repatriou cerca de US$ 20 bilhões em antecipação às mudanças de tributação da variação cambial de investimentos no exterior, que começarão a entrar em vigor no final deste ano, e há ainda cerca de US$ 30 bilhões pendentes até essa data-limite. Desse total, 50% teriam de ser executados até 31 dezembro e o restante, até o final do ano que vem.

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    “O Banco Central nunca negou que esse volume de US$ 15 bilhões aproximadamente para ser executado no último dia do ano é um volume bastante significativo. Pode ser que tenha um risco de o mercado não ter a capacidade, não ter profundidade, para digerir”, disse Serra durante live do jornal Valor Econômico.

    “Se a gente entender que o mercado não está sendo capaz de digerir esse volume, que isso está afetando o funcionamento do mercado, para preservar isso o Banco Central vai atuar, isso é natural, não é nenhuma surpresa”, completou.

    Nesse sentido, Serra esclareceu que, com o comunicado divulgado pelo BC há dois dias sobre a rolagem de contratos de swap cambial vincendos em janeiro de 2021, a autoridade monetária deixou claro que está disposta a “eventualmente rolar um volume maior do que o vencimento total, dando liquidez para o mercado se isso for necessário”.

    Ele afirmou que, diferentemente de outros mercados, o de câmbio não retomou o seu volume normal pré-pandemia e está com uma “profundidade” menor. “A gente vai acompanhar se quem precisa vender está encontrando a contraparte no mercado, não importa o preço”.

    Questionado sobre o porquê de os bancos não terem antecipado a compra de dólares no mercado necessária ao desmonte das operações de “overhedge”, Serra notou que isso implicaria um risco cambial, uma vez que as mudanças nas regras tributárias só começam a entrar em vigor em 30 de dezembro.

    “Uma atuação natural, se o Banco Central entender que é necessário, seria rolar os contratos de swap além do valor integral que vence.”

    Estabilidade financeira

    Sobre as mudanças de atuação nos mercados de títulos anunciadas de forma conjunta pelo Banco Central e o Tesouro Nacional no início de outubro, Serra disse considerar que elas foram bem-sucedidas.

    Segundo o diretor, a avaliação é que, com a limitação da emissão de compromissadas de 45 dias pelo BC, cerca de 50% dos recursos que tiveram que deixar esses ativos migraram para a compra de títulos públicos, em um total de cerca de 260 bilhões de reais.

    “Acho que funcionou, o mercado se estabilizou. Não tem uma reversão, o que vai reverter isso vai ser o fiscal, não vai ser nenhuma medida do Banco Central”, afirmou.

    Ele destacou que está havendo uma desaceleração da fuga dos fundos. “Desse ponto de vista, as preocupações de estabilidade financeira estão menores do que estavam no início de outubro”, afirmou.

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