Banco Central quer estimular entrada de novos competidores no open banking
A expectativa do BC é que essa abertura ajude a solucionar problemas constantes do sistema financeiro, como os altos custos e a baixa inclusão da população
O diretor de Regulação do Banco Central, Otávio Damaso, disse que o Open Banking – espécie de plataforma que permitirá o compartilhamento de dados de clientes – permitirá que novos agentes possam oferecer seus serviços aos consumidores e ajudará a reduzir custos.
“Vamos ampliar o leque para permitir que players que estão à margem possam participar do Open Baking”, afirmou, em evento virtual promovido pela consultoria Uqbar.
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Segundo Damaso, a expectativa do Banco Central é que essa abertura ajude a solucionar “gaps” do sistema financeiro, como os altos custos e a baixa inclusão da população. Ele também acredita que serão oferecidos produtos financeiros cada vez mais personalizados para os clientes, que estarão “no centro” da escolha.
“O Open Banking é o Banco Central dando a plataforma para o sistema privado se desenvolver. Cabe à sociedade, aos entrantes e aos agentes fazer a transformação”, completou.
Damaso disse que o regulador tem olhado com atenção os riscos desse processo digital, tanto na transição quanto riscos físicos, de perdas financeiras com choques externos.
Produtor sustentável
Damaso também disse que a instituição vai criar “em breve” um incentivo no direcionamento de crédito, para que produtores rurais possam se engajar mais na agenda de sustentabilidade. “(Queremos) criar um incentivo para a migração do crédito para essas operações sustentáveis”, afirmou.
Em outro evento, desta vez organizado pelo Banco Safra, Damaso disse que, atualmente, o consumidor está exigindo cada vez mais a sustentabilidade nos produtos que ele compra. “A própria indústria, o próprio produtor, está se adaptando para atender esta demanda”, afirmou.
Riscos
O diretor de Regulação do BC também afirmou que há três riscos principais para as instituições financeiras ligados à sustentabilidade ambiental. O primeiro deles é o risco de crédito. “O sistema financeiro precisa olhar para seu cliente e ver se ele vai ter capacidade de honrar o crédito, observando os fatores climáticos”, afirmou.
O segundo risco, conforme Damaso, é o legal, que envolve conceder crédito a quem não cumpre as regras socioambientais. Já o terceiro risco está ligado à reputação das empresas. Damaso lembrou que clientes podem decidir trocar de instituição financeira, caso haja descumprimento de normas socioambientais.
Efeitos de eventos climáticos
A diretora de Assuntos Internacionais do Banco Central, Fernanda Nechio, afirmou que eventos climáticos extremos têm efeitos nos preços relativos da economia, o que acaba por afetar a política monetária. Segundo ela, o BC tem atuado para mitigar os riscos climáticos e socioambientais, que podem afetar a atuação da autarquia.
“Temos uma postura do BC, de muitos anos, que é de olhar e se preocupar com questões socioambientais. Agenda que lançamos em 8 de setembro é a continuidade disso”, afirmou a diretora, em referência à agenda de ações lançada pela autarquia. “As questões climáticas têm tido visibilidade bastante grande. Preocupações do BC englobam questões climáticas e socioambientais.”
Fernanda Nechio lembrou ainda que os principais objetivos do BC são manter a estabilidade da moeda e do sistema financeiro. “Nossa atuação socioambiental está sendo motivada por objetivos do BC”, afirmou. “Nossa intenção é continuar na fronteira de atuação.”
A diretora do Banco Central disse também que os riscos climáticos e socioambientais “podem acontecer ao longo do tempo, mas também englobam riscos que são presentes”. Ela citou como exemplos enchentes e incêndios que têm ocorrido com maior regularidade, influenciando o trabalho de bancos centrais e governos em todo o mundo.
“Os incêndios na Califórnia são um exemplo. O sistema de crédito dos EUA depende bastante do mercado imobiliário”, lembrou Fernanda Nechio.
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