Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    BC exagerou na dose e comunicado não precisava ser tão duro, diz economista à CNN

    Mesmo assim, professor da FGV acredita que a porta está aberta para o corte dos juros já em agosto

    Diego Mendesda CNN* , São Paulo

    O economista-chefe do Banco Master e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Paulo Gala, disse nessa quinta-feira (22) à CNN que o Banco Central “exagerou na dose” e não precisava ter sido tão duro no comunicado que justificou a manutenção da taxa básica de juros em 13,75%. 

    Para ele, o BC poderia já ter indicado um início de um processo de corte da Selic em agosto. “Foram muito conservadores e deixaram claro que estão com muito medo do que vai acontecer com a inflação no segundo semestre”, afirmou.

    Essa é a sétima vez seguida que o Comitê de Política Monetária (Copom) decide pela manutenção da Selic.

    O economista diz que se pode argumentar que as expectativas de inflação ainda estão elevadas, que o mercado em geral espera que este ano a inflação fique na casa dos 5% e a meta é 3,25%, para defender uma posição de que o juro deva cair de uma maneira mais lenta. Porém, os outros argumentos em prol de um corte de juros são muito mais fortes e muito mais convincentes.

    “Os sinais da realidade da economia brasileira não é de um desequilíbrio entre oferta e demanda, desemprego elevado, economia parada e com a queda de preços de commodities e de consumidor no presente. Há evidências muito fortes de que a inflação está convergindo. Ninguém sabe qual vai ser a trajetória, mas todas as indicações são de que a inflação vai cair.”

    Porta aberta

    Entretanto, Gala diz que é possível que o BC comece a cortar a taxa de juro na próxima reunião. “Eles não escreveram no comunicado que não vão cortar o juro em agosto, a porta não está fechada.”

    Segundo o economista, muitas casas no mercado continuam com a perspectiva de que a taxa possa cair 0,25 p.p. em agosto.

    “Até lá, muita água vai rolar. Estamos falando de 45 dias. As taxas de inflação devem cair muito agora, pois serão meses de deflação. Então, o cenário da próxima reunião vai ser bem distinto do que estamos vendo hoje.”

    Referente às expectativas negativas com o segundo semestre, Gala ressalta que há um temor com a reoneração de combustíveis e um “efeito calendário” que é ruim – tem a ver com o jeito que o sistema de metas de inflação está colocado no Brasil.

    “A gente fica olhando os 12 meses para trás e o sistema de meta de inflação nos força a olhar a inflação fechada do ano. Então, quando chegar mais para o final do ano, a gente vai substituir índices de preços que estavam em queda no ano passado, para um período de índice mais alto”.

    *Produção de Carol Raciunas, da CNN, em São Paulo, sob supervisão de Jorge Fernando Rodrigues

    Tópicos