Bancos Centrais da América Latina reagiram antes à inflação, diz ex-BC
Em evento da Febraban, Ilan Goldfajn afirmou que a recuperação econômica da América Latina está sendo melhor que a esperada. Recessão nos Estados Unidos, no entanto, preocupa
Em evento da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) nesta quinta-feira (11) à tarde, o ex-presidente do Banco Central Ilan Goldfajn afirmou que a recuperação econômica da América Latina está sendo melhor que a esperada. Segundo ele, os bancos centrais da região foram os primeiros a reagir no mundo.
“Quando olhamos para 2024, essa reação conseguiu manter a inflação ancorada para o ano”, declarou, em palestra na Febrabantech.
O economista explicou que o cenário de preocupação com a inflação em detrimento de um menor crescimento econômico deve ser invertido a partir do segundo semestre de 2023.
“As nossas preocupações vão inverter, vamos estar cada vez mais preocupados com crescimento e menos com inflação. Isso porque o mundo vai estar mais próximo de recessão e as commodities caindo”, disse.
Apesar de os países da América Latina terem se antecipado na escalada dos juros para tentar conter a alta dos preços, Goldfajn afirmou que o início do movimento do Fed e do BCE deve pressionar as exportações do continente e depreciar as moedas locais.
Ainda assim, segundo ele, o momento da economia global diverge daquele em que surgiu a pandemia e, posteriormente, estourou a guerra no Leste Europeu.
“Tivemos três choques nos últimos anos: a pandemia e a guerra na Ucrânia, completamente inesperados, e um terceiro choque dos juros subindo com a inflação, mas esse nós já estamos antecipando, é diferente”, concluiu.
Sobre uma provável recessão nos Estados Unidos, o economista afirma que levará a uma desaceleração da atividade econômica no Brasil e nos países da América Latina.
“Se de fato vamos ter uma recessão nos EUA, isso vai tirar do Brasil, Colômbia e outros países do continente uma parte do PIB. Nós vamos ter que enfrentar um mundo mais adverso, com as nossas exportações caindo, pois o preço vai oscilar e nossas moedas aqui da América Latina vão depreciar”, destacou.