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    Auxílio emergencial muda perfil de renda dos brasileiros em 2020, aponta IBGE

    Benefício criado devido à pandemia esteve presente em cerca de 23,7% dos lares no Brasil, junto com outros programas sociais que não incluem o Bolsa Família

    Mylena Guedesda CNN* no Rio de Janeiro

    O aumento do desemprego e a criação do auxílio emergencial, durante a pandemia da Covid-19, mudaram o perfil do rendimento domiciliar dos brasileiros em 2020.

    Neste período, aumentou o número de lares com moradores que recebem “outros programas sociais”, classificação utilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para designar o novo auxílio e outros benefícios oferecidos pelo governo, que não incluem o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC-Loas), pago a pessoas com baixa renda.

    É o que revela a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua 2020 – Rendimento de todas as fontes, divulgada nesta sexta-feira (19) pelo instituto.

    No primeiro ano da pandemia, o auxílio emergencial destinado aos trabalhadores informais, microempreendedores individuais e desempregados esteve presente em cerca de 23,7% dos lares no Brasil. Em 2019, apenas 0,7% dos domicílios recebiam recursos somente de algum outro programa social do governo federal.

    O aumento do desemprego foi registrado em todas as regiões brasileiras, mas o Nordeste foi a região que apresentou a maior proporção de domicílios com beneficiários desses outros programas: 34%. Já a região Sul teve o menor número, de 14,4%.

    Enquanto isso, a proporção de domicílios que recebia o Bolsa Família caiu de 14,3% para 7,2%, uma vez que parte dos beneficiários passou a contar com o auxílio.

    O estudo também mostra que o número de brasileiros com rendimento gerado pelo trabalho despencou de 92,8 milhões em 2019 para 84,7 milhões em 2020, uma queda de mais de oito milhões de pessoas. Sendo assim, apenas cerca de 40,1% da população do país tinha faturamento proveniente do emprego no ano passado.

    Entre os fatores que ajudam a explicar este cenário está a intensa redução de pessoas contratadas formalmente, uma queda de 8,7% em comparação com 2019, último ano completo antes da pandemia no país.

    Pela primeira vez, o Nordeste registrou um percentual de pessoas com rendimento de trabalho inferior ao das pessoas que vivem de outras fontes de renda, como aposentadoria, aluguel ou pensão. Cerca de 32,3% dos nordestinos estavam empregados formalmente, já 32,8% deles se sustentavam de outras maneiras.

    No período, o peso do salário vindo do trabalho formal em todo o Brasil caiu de 74,4% para 72.8% na composição do rendimento médio domiciliar. Também caíram os rendimentos de aposentadoria ou pensão (de 18,7% para 17,6%), aluguel (de 2,4% para 1,5%) e pensão alimentícia, doação ou mesada (de 1,2% para 0,8%).

    O rendimento médio mensal domiciliar per capita, ou seja, o faturamento total de um domicílio dividido pelo número de moradores, caiu 4,3% em 2020, chegando a R$ 1.349.

    As regiões Norte e Nordeste registraram os menores valores, de R$ 896 e R$ 891, respectivamente. Já o Sudeste seguiu com o maior rendimento: R$ 1.623.

    Desigualdade

    Em 2020, as pessoas que faziam parte do 1% da população mais rica do país, com rendimento médio domiciliar de R$ 15.816, recebiam 34,9 vezes a mais que a metade dos brasileiros. Esse segundo grupo apresentava rendimento médio per capta de R$ 453.

    Apesar da discrepância, o dado reflete uma redução, porque em 2019 a desigualdade foi ainda maior: o rendimento médio do grupo mais rico era 40 vezes maior que o do mais pobre.

    Entre as regiões, o Nordeste apresentou a maior desigualdade, com o rendimento dos mais ricos 38,2 vezes superior aos dos mais pobres. Já o Sul do país teve a menor diferença de renda, onde os mais pobres tiveram um faturamento 22,9 vezes inferior.

    *Sob supervisão de Stéfano Salles

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