Atraso na conta de luz, água ou gás é 22% do endividamento, diz Serasa
Participação dessas contas no endividamento da população é ainda maior nas regiões Norte e Nordeste, onde a renda é menor
A crise econômica agravada pela pandemia tem dificultado o pagamento de contas de serviços essenciais, como água, luz e gás. Segundo a Serasa, já são quase 37 milhões de dívidas desse tipo em atraso, o que representa 22,3% do total de débitos dos brasileiros. Em maio do ano passado, esse número era de 21,60%.
O nível de endividamento em contas básicas varia bastante conforme a região do país e seu peso na inadimplência das famílias tem alguma relação com o nível de renda, é o que indica a pesquisa “O Bolso dos Brasileiros”, realizada pela Serasa.
A região na qual os serviços de utilidade pública representam maior participação no endividamento das famílias é a Norte, onde 29,7% das dívidas são relacionadas a esse tipo de conta. O Nordeste vem em seguida, com 25,4% dos débitos relacionados a serviços essenciais.
No Sul do país, os serviços essenciais têm menos peso, representando apenas 8,4% do endividamento. O Sudeste – que, apesar de ser a região mais rica do país tem um alto índice de desigualdade – apresenta 23,6% das dívidas relacionados a esse tipo de conta. Já no Centro-Oeste, esse número é de 19,9%.
Esse setor só perde para o bancário em termos de participação no endividamento dos 62,56 milhões de brasileiros inadimplentes. Os bancos são os credores de quase 30% das dívidas em atraso. Em terceiro lugar está o varejo, respondendo por 13% do endividamento.
A pesquisa aponta ainda que as contas básicas são as prioritárias na agenda de pagamentos dos brasileiros que estão com dívidas em atraso. Porém, no ranking de contas em dia, serviços de assinatura, telefonia, cartão de crédito e plano de saúde aparecem na frente, o que pode indicar uma relação entre o nível de renda e a capacidade de reação das famílias diante da crise, já que os serviços com menos atrasos estão limitados a famílias de maior renda.