Ata do Copom reforça possível fim do ciclo de alta com Selic a 13,75%, dizem economistas
Atual ciclo de aperto monetário começou em março de 2021, quando Selic foi da mínima histórica de 2% para 2,75%; desde então, taxa sofreu 12 altas seguidas
O Comitê de Política Monetária (Copom) deu mais sinais nesta terça-feira (9) de que o ciclo de alta da Selic, taxa básica de juros da economia, pode ter chegado ao fim, segundo economistas ouvidos pelo CNN Brasil Business.
“A ata foi mais dovish (branda) do que o esperado por nós, o que nos fez projetar a Selic parada em 13,75%, com interrupção do ciclo de altas”, disse Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos. “O comunicado acabou mostrando que havia uma possibilidade maior de elevação do que a ata nos fez acreditar”, diz.
Uma nova alta será considerada somente caso haja alguma mudança no cenário, afirma Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter. “A taxa atual deve ficar elevada por um período suficientemente prolongado”, diz.
A economista ressalta que a autoridade vê simetria nas pressões positivas e negativas sobre a inflação neste momento, mais um indício de que a taxa não terá mais altas neste ano. Se de um lado há o risco de os novos estímulos fiscais se prolongarem para além de dezembro de 2022, o que traria pressão extra sobre os preços no ano que vem, de outro, o cenário global de desaceleração tem impacto contrário nos preços.
Além disso, o BC reconhece que o efeito potencial da Selic no atual patamar é bastante “intenso e tempestivo” e seus efeitos ainda devem ser vistos na economia.
No comunicado divulgado após a decisão de subir a Selic em 0,5 ponto percentual, em 3 de agosto, o BC deixou a porta aberta para um ajuste adicional em setembro, mas de menor magnitude. O atual ciclo de aperto monetário começou em março de 2021, quando a Selic foi da mínima histórica de 2% para 2,75%. Desde então, a taxa sofreu 12 altas seguidas.
“A ata do Copom deixou transparente a estratégia de fim de ciclo de alta de juros, com a possibilidade de 0,25% na próxima reunião como remota”, diz Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital. “A menção sobre os 0,25% adicionais que serão avaliados na próxima reunião dá algum grau de liberdade no cenário de uma surpresa no período entre reuniões, mas o trabalho está feito”.
*Publicado por Ligia Tuon