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    Valiosas, ações das big techs ainda podem subir mais

    Especialistas avaliam que trajetória de subida registrada na última década deve continuar, impulsionada por novas gerações e mudanças sociais

    Tamires Vitorio, do CNN Brasil Business, em São Paulo

    O tempo é de divulgação de resultados (e mudanças) para as empresas de tecnologia. Entre as principais está a saída efetiva de Jeff Bezos da Amazon após 27 anos ocupando o cargo de CEO da companhia que fundou em 1994, e hoje é uma gigante do varejo online.

    As big techs, como são chamadas as maiores empresas do setor de tecnologia, têm colhido bons frutos quando o assunto são os negócios, mesmo em meio ao escrutínio da justiça norte-americana que as acusa de monopolizar o mercado e impedir o crescimento de seus concorrentes.

    Além da varejista, empresas como Apple, Facebook, Google e Microsoft fazem parte do grupo das big techs norte-americanas, ou o ‘big five’. E a Microsoft e a Apple são as primeiras companhias dos Estados Unidos a atingir a marca de US$ 2 trilhões em avaliação de mercado. 

    Com a pandemia do novo coronavírus atingindo o mundo no ano passado, as companhias de tecnologia cresceram ainda mais, o que fez com que suas ações se tornassem valiosas para a carteira de investidores no mundo todo — e ganhassem até um apelido: FAMAG (há variações do acrônimo).  

    Em janeiro de 2020, por exemplo, uma ação da Apple custava US$ 100. Em dezembro, o papel subiu 64,1%, para US$ 164,1. Na sexta-feira (16), uma ação da companhia custava US$ 147,87. Em setembro do ano passado, o índice S&P 500, que monitora as 500 maiores companhias de capital aberto nos Estados Unidos, era quase todo composto pelas ações FAMAG. No fim de 2020, as ações representavam quase metade dos ganhos anuais do índice. 

    Mesmo com uma pequena queda no preço dos ativos em 2021, a confiança dos investidores no setor continua alta.

    “Isso porque o crescimento das empresas de tecnologia já vem acontecendo há algum tempo, o que é uma tendência secular — tem tudo a ver com os hábitos da humanidade, com a forma como as pessoas se comunicam, resolvem problemas, trabalham…”, afirma Felipe Arrais, especialista em investimentos globais da Spiti. “As big techs têm um poder de fogo alto para investir em pesquisa, em desenvolvimento e estar na vanguarda dos mercados em que atuam”, diz. 

    Rodrigo Knudsen, gestor da Vitreo, concorda. “2020 não foi o ano das big techs. Estamos vivendo a década delas. Se olharmos para as realmente grandes, como a Apple e a Amazon, elas estão com a rentabilidade crescente, e com grandes ganhos já há muito tempo”, diz. “Essas são empresas que têm lucro e sabem inovar. A Microsoft, que surgiu como uma empresa de sistema operacional, se reinventou e lucra hoje como uma empresa de computação em nuvem e games”, afirma. 

    O que atraiu os investidores?

    Um mix de crise, oportunidade e mudanças geracionais no mercado financeiro podem ter sido os principais motivos para o crescimento das ações de empresas de tecnologia. 

    Para Arrais, essa alta não é recente e já acontecia muito antes da pandemia, tendo ínicio em meados de 2008, com a crise econômica. “A crise exigiu que o governo interferisse para salvar o sistema bancário. O governo intercedeu, começaram os estímulos monetários, e os bancos centrais passaram a inflar o balanço”, afirma. “Com isso, vimos uma tendência de cortes de juros, o que diminuiu as taxas de descontos nas ações. E, quando falamos em empresas de tecnologia, estamos falando de empresas nas quais, muitas vezes, o lucro vai se materializar somente no futuro”, diz. E completa: “quando a taxa de desconto é menor, você dá um fôlego para as empresas performarem bem”. 

    Além disso, o especialista entende que os millennials — nascidos entre 1980 e 1994 —, por dominarem o mercado, acabam focando em investir em ações que têm a ver com seu dia-a-dia, o que aumenta a visibilidade dos ativos de companhias de tecnologia. “As ações de tech tem um certo hype, porque a tecnologia é algo cool. E é mais fácil se interessar por um tema legal de maneira ampla do que pensar em uma carteira diversificada, vende mais, cola mais”, afirma. 

    Knudsen, da Vitreo, afirma que a aceleração e a velocidade exponencial de inovação e de crescimento também foram fatores importantes para a valorização dos papéis. “As empresas estão crescendo e todo investidor gosta de dinheiro”, diz. 

    Vai continuar em alta?

    A tecnologia é um motor importante para o mundo — e, para os especialistas, continuará sendo nos próximos anos. É por esse motivo que as ações tendem a continuar em uma crescente a curto, médio e longo prazo.

    “Acredito que as ações das grandonas vão continuar crescendo, mas depende muito da capacidade delas de se manterem no topo, e não é uma coisa tão trivial. Inovação é a chave”, diz Arrais. 

    Como investir em empresas internacionais estando no Brasil

    Para investir em ações de empresas de outros países, como as FAMAG, o investidor tem algumas opções.

    A primeira é investir em um fundo, que vai realocar os investimentos em empresas como o Facebook, Apple, Amazon, Netflix, Google e Microsoft. Em um período de 12 meses, segundo a Vitreo, a rentabilidade do fundo é de 32,72%.

    O investidor também pode optar por comprar Brazilian Depositary Receipts (BDRs) na B3. Eles funcionam como certificados que representam ações de empresas listadas em bolsas de outros países. Através deles, é possível investir em empresas como Apple, Netflix e Amazon, listadas na Nasdaq, por exemplo. Saiba mais sobre os BDRs clicando neste link

    *Com informações de Leonardo Guimarães, do CNN Brasil Business, em São Paulo