Argentina autoriza grupo de profissionais autônomos a receber em dólares
Trabalhadores que prestam serviços para o exterior poderão receber até mil dólares por mês sem obrigação de conversão para pesos
Trabalhar da Argentina e receber em dólares é o sonho de muitos. Em momentos como o atual, de alta inflação, muitos argentinos voltam a mirar a moeda norte-americana, dada sua flutuação nas últimas semanas e as restrições que têm para obtê-la há anos.
Mas é possível trabalhar no país para o exterior e ser pago em dólares? Até recentemente era impossível.
Esse problema é enfrentado pelos exportadores de produtos e serviços: embora vendam seus produtos em dólares, são obrigados a recolhê-los na Argentina em pesos e ao câmbio oficial, que já tem uma diferença de cerca de 100% com os preços paralelos.
Mas agora há uma nova exceção que abre uma janela para ganhar alguns dólares para um setor: os profissionais autônomos que trabalham para o exterior. Uma nova resolução do Banco Central permite que eles recebam até mil dólares por mês que venham do exterior sem a obrigação de liquidá-los no mercado local.
“No mercado internacional, 12.000 dólares por ano não é dinheiro, mas, bem, para quem tem renda muito baixa, ajuda a exportar seus serviços, cobrar em moeda forte, trazer a Argentina em moeda forte e de lá dispor livremente de seus dólares”, explica Sebastián Siseles, vice-presidente internacional da plataforma Freelancer.com.
No entanto, para o governo argentino, essa medida visa acumular reservas e, sobretudo, reter talentos.
Como trazer dólares para a Argentina
O procedimento continua o mesmo: a nota fiscal de exportação que justifica a operação deve ser apresentada ao banco e o procedimento realizado para que seja creditado na conta, o que na maioria dos casos pode ser feito online. Mas agora os dólares não serão convertidos em pesos.
“Nada mais simples do que trazer seu dinheiro legalmente para a Argentina e tê-lo em dólares. com o seu cartão de crédito. Bom, agora você traz, está no banco, você tem em dólares, está declarado, você pode gastar no cartão”, diz Siseles.
Isso abre um panorama muito mais interessante para os profissionais independentes argentinos.
Serviços para o exterior
“O primeiro e grande item é a tecnologia da informação em suas diversas variantes”, afirma Siseles.
A criação de sites com determinadas linguagens (html, php, python, etc), de aplicativos para celulares ou até mesmo o gerenciamento de bancos de dados são os principais trabalhos demandados nesta plataforma que oferece vagas para profissionais independentes de todo o mundo e os conecta com seus clientes.
“Onde os argentinos se destacam historicamente tem sido no design: gráfico, de roupas e agora web”, continua Siseles, acrescentando: “O terceiro grande ponto é marketing e comunicação”.
Hoje, o marketing passa basicamente pelo mundo digital. “Isso está crescendo muito. Já está quase no mesmo nível da tecnologia da informação, que é a primeira coisa.”
A comunicação também é uma área que se move. “Comunicadores sociais, pessoas que colocam sua voz, sua inspiração literária, ou seja, escrevem artigos ou pessoas que podem até fazer uma reportagem para uma empresa estrangeira”, exemplifica Siseles.