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    Arábia Saudita mira se tornar principal polo de tecnologia no Oriente Médio com foco em IA

    Investida faz parte de estratégia de diversificação econômica

    Em 2017, a Arábia Saudita se tornou o primeiro país do mundo a conceder cidadania a um robô de IA
    Em 2017, a Arábia Saudita se tornou o primeiro país do mundo a conceder cidadania a um robô de IA REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração

    João Nakamurada CNN*

    São Paulo

    Durante o Fórum de Davos, a Arábia Saudita buscou promover suas ambições no desenvolvimento de tecnologia.

    Além do projeto NEOM, que visa construir um polo tecnológico no país com um conjunto de cidades futuristas, — como a The Line — o reino quer reforçar o seu papel no mercado de inteligência artificial (IA).

    A “Visão Saudita 2030” é um projeto para diversificação e inovação da economia do país. Entre seus objetivos, os sauditas buscam a liderança da IA em seis anos. Para isso, contam com apoio da Universidade de Ciência e Tecnologia King Abdullah como centro de desenvolvimento.

    “A Arábia Saudita passa por um processo de modernização que visa diminuir sua dependência econômica de combustíveis fósseis, o que está descrito no plano de metas do país. O interesse por tecnologia e IA não vem de agora”, explica o diretor de investimentos da Equus Capital, Rubens Terra.

    Em 2017, a Arábia Saudita se tornou o primeiro país do mundo a conceder cidadania a um robô de IA. No evento de divulgação, a andróide Sophia disse que seu objetivo é “usar a inteligência artificial para ajudar os humanos a terem uma vida melhor”.

    O papel do reino no momento ainda é, em grande parte, como investidor. Mas, na avaliação do especialista em tecnologia e inovação, Arthur Igreja, o potencial é amplo e até converge com a fala de Sophia.

    “Isso [o investimento] se integra com uma expansão muito acelerada no setor de turismo, esportes, universidades, até uma série de mudanças culturais que estão ocorrendo. É um setor que pode embarcar nessa mudança maior que eles passam”, afirma Igreja.

    Entre os investimentos que o país já realiza no setor, se destaca o do supercomputador Shaheen III, lançado no final de 2023.

    A Arábia Saudita comprou cerca de 3.000 chips H100 da Nvidia pela Universidade de Ciência e Tecnologia King Abdullah para “abastecer” o computador.

    O chip H100 foi classificado pelo CEO da Nvidia, Jensen Huang, como “o primeiro dispositivo projetado para IA generativa”.

    Terra avalia que a Arábia Saudita pode desenvolver um papel importante para diversificar a tecnologia.

    “Dado que a maior parcela dos dados disponíveis na internet está em inglês, esses grandes modelos de IA são inerentemente mais capazes neste idioma. Assim, para que existam modelos cada vez mais capazes em árabe, é fundamental que [os programas] sejam ‘treinados’ com volumes enormes de informações nessa língua”, argumenta.

    “A Arábia Saudita, sendo disparadamente o maior PIB do mundo árabe, se torna um forte candidato para ser um grande player desse mercado.”

    Igreja reforça que a perspectiva para o reino no mercado de IA é positiva diante dos investimentos em empresas, startups e criação de ecossistemas.

    “Absolutamente nada impede que empresas queiram se estabelecer na região pelas vantagens tributárias, posição geográfica e incentivos”, pontua.

    “Isso pode desencadear um movimento importante do lado do desenvolvimento também. Não é algo imediato, não é algo para o curto prazo. Porém, não existem impeditivos para que aconteça.”

    *Sob supervisão de Gabriel Bosa