Após ensaiar abandono de meta fiscal, Lula dá voto de confiança a Haddad, dizem fontes
Presidente bancou ministro da Fazenda, mas chegou a brincar com aliados ao dizer que o ministro “gosta de arrumar problema”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a dizer a pessoas próximas que preferia abandonar de uma vez por todas a promessa de déficit zero para o ano que vem, apurou a CNN.
Mas, após passar a última semana avaliando o cenário econômico e as perspectivas para votações no Congresso, acabou dando um voto de confiança ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disseram à CNN interlocutores do presidente.
Em uma conversa recente, na qual se tratou de meta fiscal, Lula chegou a fazer piada sobre a “teimosia” de Haddad.
O presidente riu e disse que o ministro “gostava de arrumar problema”, daí a insistência em manter a meta de déficit zero.
A decisão de Lula de dar sobrevida ao plano de Haddad foi sacramentada nesta quinta-feira, na reunião realizada no Palácio do Planalto com o titular da Fazenda, os também ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Simone Tebet (Planejamento), além do líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), e do relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias, Danilo Forte (União-CE).
Forte aguardava uma orientação do governo, porque o prazo para alterações no texto da LDO se encerra amanhã.
A data limite desta quinta-feira (16) havia sido repassada ao parlamentar na semana passada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, que vinha defendendo nos bastidores que o governo abandone a meta de déficit zero.
A vitória de Haddad é vista entre aliados como uma aposta arriscada.
Parte do governo acredita que o ministro corre o risco de “sangrar”, caso não consiga assegurar um aumento da arrecadação capaz de viabilizar o déficit zero.
Em tese, o governo só vai fazer uma nova avaliação da meta em março do ano que vem, embora alguns auxiliares do presidente defendam uma nova revisão da estratégia antes do fim do ano.
Parte do governo Lula defendia que a meta fiscal fosse revista para comportar com folga obras e programas sociais previstos pelo governo.
Há temores de que o aperto fiscal impacte nas candidaturas governistas nas eleições municipais do ano que vem, por exemplo. No Planalto, falava-se em um déficit entre 0,25% e 0,5% do PIB. Mas uma ala do PT queria um déficit ainda maior – entre 0,75% e 1% do PIB.