Após balanço financeiro, BB diz que vai recuperar ativos da Lojas Americanas
Entre os bancos que emprestaram dinheiro à varejista, a instituição é uma das mais afetadas pelo recente pedido de recuperação judicial
O Banco do Brasil, que divulgou o balanço do quarto trimestre de 2022 nesta segunda-feira (13), disse em teleconferência nesta terça que prevê recuperar ativos no caso Americanas. Entre os bancos que emprestaram dinheiro à varejista, a instituição é uma das mais afetadas pelo recente pedido de recuperação judicial.
“Esse é um caso em que a gente enxerga claramente que vai haver recuperação de ativos, porque existem ativos a serem recuperados”, diz José Ricardo Fagonde Forni, vice-presidente de gestão financeira e de relações com investidores.
No quarto trimestre, o lucro líquido ajustado foi de R$ 9,4 bilhões, cerca de 52% acima do quarto trimestre de 2021. Porém, este índice desconsidera o caso da Lojas Americanas. Com 100% de provisionamento, o valor cai para R$ 8,6 bilhões.
O BB informou ter provisionado R$ 788 milhões para o caso, correspondente a 50% da exposição ao ativo e, em caso de agravamento do risco, diz que o impacto já está devidamente contemplado nas projeções deste ano. A gestão do banco afirmou que há ativos disponíveis e eles serão recuperados.
“Esse caso foi analisado de maneira personalizada e se avaliou que o provisionamento de 50% era o adequado, segundo metodologia e informações naquele momento”, completa Forni.
“A decisão não foi feita levando em conta qual seria o impacto disso no resultado de 2022 ou 2023. Foi simplesmente analisando o caso naquele momento, com as informações até então disponíveis, é um caso que evolui dia a dia”, diz.
A presidente do banco, Tarciana Medeiros, acrescentou que o momento agora é de avaliação.
Segundo ela, o BB pretende manter o nível de rentabilidade do banco com o atual repasse de dividendos aos acionistas, apesar de pressões do governo no barateamento do crédito.
O Banco do Brasil distribuiu aos seus acionistas R$ 11,8 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio referentes ao resultado de 2022, mas teve uma previsão de lucros menor por causa do rombo nas Lojas Americanas.
Segundo balanço, o lucro líquido ajustado no ano foi de R$ 31,8 bilhões, em aumento de 51,3% que representa um retorno sobre patrimônio líquido de 21,1%. O valor gerado à sociedade cresceu 35,9% e chegou a R$ 80,1 bilhões e a carteira de crédito chegou a mais de R$ 1 trilhão, crescimento de 14,8%.
“Temos uma carteira de crédito com mix adequado, com boa gestão de risco e índice de inadimplência baixo”, comentou a presidente.
A presidente do BB também afirmou que estão aptos a se adaptar a uma possível queda de juros, mas não que cabe ao banco questionar as medidas do Banco Central. Nos últimos dias, há um tensionamento entre o presidente Lula e o do Bacen, Roberto Campos Neto, sobre a taxa Selic.
Ainda sobre o balanço e nos destaques patrimoniais, os ativos totais fecharam 2022 acima de R$ 2 trilhões. Já a carteira de crédito ampliada, superou, pela primeira vez, R$ 1 trilhão em dezembro de 2022.
A Carteira Ampliada Pessoa Física chegou a R$ 289,6 bilhões, a versão para Pessoa Jurídica totalizou R$ 358,5 bilhões e os financiamentos para os agronegócios foi de R$ 309,7 bilhões. O banco destacou que ofereceu crédito de mais de R$ 327,3 bilhões para negócios sustentáveis.
Há previsão para crescimento da carreira de crédito entre 8 a 12% para 2023. O BB explicou que pretende manter o crescimento de despesas administrativas entre 7 a 11%. O observado no ano passado foi de 5,6%. O aumento das despesas é uma opção da nova gestão do banco para investimento em pessoal e tecnologia. Há previsão, por exemplo, para contratação de 3 mil agentes de TI.
Em 2023, o BB pretende investir em personalização de atendimento aos clientes, recebimentos de dados do Open Finance, uma nova conta para crianças a partir de 10 anos e aumentar investimentos em iniciativas sociais.