Alta no preço do gás para distribuidoras impactará consumidor, diz especialista
Preço de gás natural para distribuidoras subirá 39% a partir de 1º de maio
Os consumidores de gás natural vão sentir o impacto do aumento do preço para as distribuidoras e não há como evitar o efeito negativo no bolso dos compradores finais, segundo o professor do Instituto de Energia da PUC, Edmar Almeida.
O especialista afirma que, apesar da margem das distribuidoras não ser determinada pelo valor do gás que é comprado, o preço pago à Petrobras é integralmente repassado aos consumidores.
O acréscimo de 39% anunciado na segunda-feira (5) pela estatal também pode causar dificuldades em alguns segmentos do mercado, como no caso do Gás Natural Veicular, o GNV. Os carros convertidos para o GNV se tornam bicombustíveis, permitindo ao motorista escolher a melhor opção na hora do abastecimento.
Segundo Almeida, o novo reajuste pode retirar a competitividade com outros combustíveis, como etanol e gasolina, já que o preço dos outros energéticos concorrentes não sobe necessariamente ao mesmo tempo que o do gás e, dessa forma, a diferença nos postos de combustíveis pode ficar pequena.
O servidor público Wallace Huguenin, mora a 165 quilômetros do trabalho, no centro do Rio, e precisa fazer o trajeto cinco vezes na semana. Ele afirma que teve uma breve satisfação ao pensar que seria vantajoso pagar caro pela instalação de um Kit GNV e economizar ao longo do tempo, uma vez que diminuiu os gastos de R$ 150 para R$ 80 por dia. Contudo, após receber a notícia do aumento do preço com tristeza, Wallace acredita que o benefício irá acabar.
“Depois de tantos reajustes simultâneos, em plena pandemia, fui pego com a notícia do reajuste. Esse novo aumento praticamente anula a economia e coloca o combustível gasoso no mesmo patamar dos combustíveis líquidos, tornando inviável o uso”, disse.
O anúncio sobre a alta na cotação do gás natural encerra uma tendência de queda que já durava um ano. Em 2020, o combustível registrou uma redução acumulada de 35% em reais e 48% em dólares. De acordo com Edmar Almeida, os próximos reajustes trimestrais não devem ser tão altos como esse.
“Acho que temos um problema pontual, um reajuste concentrado no tempo. Com relação à commodity, vai depender do preço do petróleo. Mas também não há muita perspectiva do preço do petróleo continuar subindo de forma significativa no restante do ano. E em relação ao transporte, parece que o processo já está estabilizando.”
*Sob supervisão de Ana Licia Soares