Alemanha registra o maior declínio da atividade empresarial desde início da pandemia
Pesquisa destaca aprofundamento da desaceleração na indústria e primeira baixa de serviços em oito meses
Uma leitura inicial do Índice de Gerente de Compras Industrial Alemão (PMI na sigla em inglês), que acompanha a atividade nos setores de manufatura e serviços, caiu para 44,7 em agosto, ante 48,5 em julho.
De acordo com os dados publicados na quarta-feira (23), a Alemanha acaba de sofrer o declínio mais acentuado na atividade empresarial em mais de três anos.
O valor é o mais baixo desde maio de 2020, quando o país começou a aplicar gradualmente as rigorosas restrições à pandemia. Uma leitura abaixo de 50 indica uma contração. A queda alimenta os receios de que a maior economia da Europa possa estar caminhando novamente para uma recessão.
Setores em baixa
A pesquisa destacou um “aprofundamento da desaceleração na indústria”, com a produção caindo pelo quarto mês consecutivo. A atividade nos serviços caiu pela primeira vez em oito meses.
“Qualquer esperança de que o setor de serviços pudesse salvar a economia alemã evaporou-se. Em vez disso, o setor está prestes a se juntar à recessão das manufaturas”, disse Cyrus de la Rubia, economista-chefe do Hamburg Commercial Bank, que publica a pesquisa de empresas alemãs em parceria com a S&P Global.
Os números aumentam a evidência de que a economia da Alemanha está falhando novamente depois de emergir de uma recessão de inverno no segundo trimestre por margens estreitas.
Dados do início deste mês revelaram uma desaceleração mais acentuada do que o esperado na produção industrial em junho – impulsionada por uma forte contração no vasto setor automotivo do país.
Situação delicada na Europa
O mal-estar econômico da Alemanha está se espalhando para os outros 19 países que usam o euro, com a Zona como um todo também correndo o risco de cair em recessão depois de acelerar o crescimento no segundo trimestre.
Uma leitura inicial do PMI para a zona do euro caiu para 47 em agosto, a menor desde novembro de 2020, de acordo com uma pesquisa separada publicada na quarta-feira pelo Hamburg Commercial Bank e S&P Global.
“A pressão descendente sobre a economia da Zona do Euro em agosto provém principalmente do setor de serviços alemão”, disse la Rubia.
Ambas as pesquisas mostraram um aumento preocupante da inflação nos serviços devido ao aumento dos salários, o que poderia tornar o Banco Central Europeu (BCE) mais relutante em interromper os aumentos das taxas de juros quando se reunir no próximo mês.
Mais uma vez, o quadro é pior na Alemanha do que no resto da Europa, com a “estagflação” – referindo-se a uma mistura tóxica de inflação elevada e crescimento lento – em vias de acontecer.
“A atividade começou a encolher enquanto os preços dispararam novamente, até mesmo acelerando”, disse la Rubia. “Quando a inflação não pode ser domada na maior economia da zona do euro, isso é uma má notícia para o BCE.”
Andrew Kenningham, economista-chefe para a Europa da Capital Economics, disse que a economia da região provavelmente entrará em recessão no segundo semestre do ano, “com a Alemanha provavelmente tendo o pior desempenho”.