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    Agenda saudita deve transformar o país, e Brasil é estratégico nesse processo, diz professor à CNN

    Agenda 2030 envolve questões econômicas, políticas e culturais para a Arábia Saudita

    Iasmin Paivada CNN , São Paulo

    A “Visão Saudita 2030” é a agenda da Arábia Saudita para mudar as estruturas econômicas ao longo dos próximos sete anos, e as parcerias comerciais com o Brasil são fundamentais nesse processo, avalia Mohammed Nadir, professor de RI da UFABC e coordenador do laboratório de estudos árabes. 

    “Economicamente, a questão essencial é desvincular a dependência da exportação de petróleo, buscar uma nova economia, que passa por inovações em termos de infraestrutura, por energias renováveis, e busca trazer o país para um patamar mais moderno”, avalia o professor. 

    Mas a Agenda 2030 também envolve questões políticas e culturais, destaca Nadir. Segundo o professor, o governo pretende mostrar ao mundo que está mudando e reformando, não é apenas mais a velha teocracia. Além disso, existe uma mudança cultural em curso, com a promoção de eventos e festivais. 

    “O plano é transformar a Arábia Saudita em um lugar turístico, seguir o modelo de Abu Dhabi, iniciativas nesse sentido para levar milhões de turistas para lá”, explica o professor da UFABC.

    Para Nadir, o país tenta aproveitar o atual ponto de inflexão no sistema internacional dos países desenvolvidos para despontar como um país em crescimento. 

    “Desde 2008 a economia mundial tem sido bastante atribulada, agora tem guerra na Ucrânia, e países europeus estão passando por dificuldades econômicas. Enquanto isso, a Arábia Saudita se desvinculou dos EUA após 70 anos e está se abrindo para a China, com uma multiplicação das parcerias econômicas”, conta. 

    Interesses sauditas

    Mohammed Nadir avalia que três fatores movem o governo saudita a buscar novos mercados no mundo. 

    • Busca por sua independência de defesa: com um mundo cada vez mais instável, questão da defesa se torna vital. O país árabe busca pela autonomia em segurança em termos de defesa, enquanto o Brasil disponibilizou seu conhecimento;
    • Diversificação econômica: governo saudita sabe que a exportação de petróleo não é mais uma saída para o futuro, diversificação da economia nacional é uma coisa crucial para o país se ele quiser se tornar um ator de peso a nível internacional;
    • Vontade de deixar uma marca: o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed Bin Salman, também é movido por uma espécie de desejo pessoal de deixar sua marca, envolvido por um orgulho de querer transformar a Arábia Saudita. O príncipe falou que o Oriente Médio é a Europa do futuro.

    Parceria com o Brasil

    As relações comerciais com o Brasil despontam nesse contexto de diversificação do país árabe.

    “A Arábia Saudita está atenta às mudanças globais, e percebeu o atual momento do Brasil como uma oportunidade para essa aproximação”, explica. 

    Para o professor, a parceria entre os países vai ser muito benéfica, enquanto o conhecimento tecnológico brasileiro alcança um patamar internacional, com os investimentos sauditas, será possível ser ainda desenvolvido e se tornar cada vez mais competitivo. 

    “Isso vai permitir crescer no âmbito de defesa e renováveis, o país vai poder se tornar cada vez mais competitivo na escala global”, avalia.

    Além disso, o professor explica que essas parcerias futuramente também vão facilitar a entrada do país no continente latino americano. 

    Nadir conta que a troca de tecnologia é uma prática que a China já realiza, e que pode beneficiar o Brasil com maiores investimentos, como uma forma de buscar dinheiro e trazer para o país. 

    “É um bom futuro para parcerias econômicas e tecnológicas com o Oriente Médio, em especial a Arábia Saudita, o dinheiro investido aqui pode alavancar vários setores da indústria brasileira“, pontua. 

    Veja também: Arábia Saudita anuncia importação de caprinos do Brasil

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