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    AES Brasil reverte prejuízo e tem lucro no 3º tri com hídricas e renováveis

    Resultado foi impulsionado pelo desempenho das hídricas e de novos ativos renováveis

    Por Letícia Fucuchima, da Reuters

    A geradora de energia renovável AES Brasil começou a materializar sua trajetória de crescimento do portfólio em resultados financeiros, ao reverter um prejuízo de 103,1 milhões de reais registrado no terceiro trimestre de 2021 em lucro de 102,6 milhões no mesmo período deste ano, conforme balanço divulgado nesta quinta-feira (3).

    O resultado foi impulsionado pelo desempenho das hídricas e de novos ativos renováveis.

    Os números consideram valores ajustados para o terceiro trimestre de 2021, quando os resultados da companhia foram impulsionados pela contabilização de crédito fiscal (item não recorrente) no valor de 532,6 milhões de reais. Sem esse ajuste, o lucro líquido é 76,1% menor no comparativo anual.

    Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) somou 283,8 milhões de reais no trimestre, praticamente o triplo dos 92,3 milhões de reais reportados um ano antes.

    O crescimento do Ebitda reflete principalmente o aumento do parque gerador, por meio da aquisição de novos ativos e de crescimento orgânico, além da diversificação de fontes de geração, disse à Reuters o diretor de Tesouraria e Relações com Investidores da AES Brasil, José Simão.

    “Estamos chegando agora num patamar de entregar financeiramente o crescimento que vínhamos fazendo ao longo do tempo”, afirmou o executivo, destacando a compra, anunciada em agosto, de três novas eólicas, que agregaram mais 456 megawatts (MW) à companhia.

    Simão ressaltou ainda que a empresa vem buscando elevar a disponibilidade operacional de parques eólicos e solares adquiridos no passado, o que também proporciona ganhos de rentabilidade.

    Cenário para 2023

    Segundo o diretor da AES, a elétrica fechou neste terceiro trimestre novos contratos de energia equivalentes a 20 megawatts médios. Eles serão atendidos a partir de capacidade já existente, e com entrega em 2024 e 2025.

    Ele aponta que o cenário de preços de energia neste ano tem levado mais clientes a fechar contratos de prazos mais curtos, em vez de firmar compromissos de longo prazo associados à construção de novos empreendimentos.

    “Ano passado a gente cresceu quase 1 GW em ‘greenfield’, vendemos uma série de PPAs (contratos) com prazo longo. Esse ano se opôs, estamos com hidrologia muito forte, o preço de curto prazo foi para baixo. Então muitas vezes os clientes optam por contratar (energia) de ativos existentes, de 3 a 5 anos, e esperar para tomar uma decisão de longo prazo”, explicou.

    A expectativa é de que o país inicie o período úmido, em novembro, com boas condições de armazenamento nos principais reservatórios de hidrelétricas, alcançando os melhores níveis em mais de 10 anos, disse.

    “Fizemos uma evolução importante da contratação (em ativos hídricos) para 2023 e 2024… já pensando em uma dinâmica de preços um pouco mais baixos”, acrescentou.

    Com relação à revisão de garantia física de hidrelétricas, tema que deve impactar todos os grandes geradores da fonte, ele estimou um impacto “praticamente neutro” para a AES Brasil.

    “Estimamos que perderemos 0,02 ponto de participação no sistema (de compartilhamento de risco hidrológico)… É um negócio mínimo”, disse.

    Com base em números colocados em consulta pública pelo governo, o conjunto de usinas hidrelétricas da AES Brasil teria uma redução total ponderada de 4,7% das garantias físicas. O impacto calculado é de cerca de 5,5 milhões de reais na receita da companhia.

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