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    Liberação de petróleo pelos EUA é mais simbólica que efetiva, diz pesquisador

    À CNN, especialista explica que volume disponibilizado pelos EUA é pequeno perto das reservas estratégicas que o país tem

    Vinícius Tadeuda CNN* em São Paulo

    Os Estados Unidos anunciaram que vão liberar cerca de 50 milhões de barris de petróleo de suas reservas estratégicas, em um movimento para aliviar o preço internacional da commodity. A ação será acompanhada por outros países, incluindo Índia, China e Reino Unido.

    O volume, todavia, é muito pequeno e não deve impactar o preço dos combustíveis, na opinião do pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Rodrigo Leão.

    “O volume que Estados Unidos está disponibilizando é pequeno perto do volume de reservas estratégicas que eles têm, que giram em torno de 750 e 800 milhões de barris/dia e que seriam suficientes para segurar o consumo americano durante meses.”

    À CNN, Leão disse que se trata de um apoio simbólico do governo norte-americano, uma maneira do país assumir uma postura internacional a favor da queda dos preços dos combustíveis.

    “É muito mais um movimento geopolítico norte-americano de sinalizar o interesse de entrar nessa briga, do que uma medida efetiva. Eles estão usando um pedaço muito pequeno destas reservas justamente porque elas têm um caráter de atender a escassez.”

    Rodrigo Leão trouxe o dado de que o consumo global de petróleo por dia no mundo está em torno de 96 milhões de barris. Sendo assim, a reserva liberada por Joe Biden seria insuficiente até mesmo para suprir a demanda de um único dia.

    Controle de preços

    O pesquisador destacou diferentes medidas que países estão tomando a fim de não repassar integralmente o aumento de preço do barril para suas populações. Ele cita como exemplo países produtores e consumidores, mas ressalta: “Evidentemente, os países consumidores é que estão pagando a conta.”

    Os grandes produtores usam a capacidade de exportação de petróleo para controlar os preços internos, explica Leão.

    Os Emirados Árabes Unidos, que são grandes produtores, conseguiram congelar os preços internamente ao longo de 2021, isso porque eles estão se beneficiando dos altos preços de exportação. “Estão mantendo a renda ou ganhando mais dinheiro vendendo petróleo, por isso não tem tantos efeitos no mercado interno”.

    Países que não são grandes produtores utilizam outras estratégias, como fundos de estabilização e subsídio tarifário.

    “A avaliação que temos aqui no Ineep é que a gente precisa ter medidas coordenadas, que envolvam diferentes frentes para poder ajudar a resolver este problema. A gente está vendo os Estados Unidos, que são um exemplo interessante, essa medida do Joe Biden de liberar reservas tenta, também, provocar uma redução da inflação no mercado americano.”

    Brasil

    Para o pesquisador, o Brasil tem uma postura mais “passiva” em relação ao desafio de controlar os preços. “A única medida que agora está sendo discutida no Congresso é a adoção de um fundo e nós estamos vendo esse processo de alta já há alguns meses. O preço do barril de petróleo não está subindo agora, está subindo desde março, fevereiro deste ano. E era um movimento que a gente já sabia que ia acontecer.”

    * (supervisionado por Elis Franco)