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    “Legado da Dutra será trazer investimentos à região”, diz presidente da CCR Rio-SP

    À CNN, Carla Fornasaro disse que novo contrato das rodovias Presidente Dutra e Rio-Santos será marcado por tecnologias, geração de emprego e fomento da economia na região

    Dutra
    Dutra Divulgação /CCR NovaDutra

    Fabrício Juliãodo CNN Brasil Business

    em São Paulo

    O novo contrato de concessão das rodovias Presidente Dutra e Rio-Santos vai trazer mais desenvolvimento para os municípios próximos ao trecho, com a formação de novos empregos e a instauração de tecnologias, afirmou ao CNN Brasil Business a diretora-presidente da CCR Rio-SP, Carla Fornasaro.

    “É a concessão mais inovadora do país. Nossa expectativa é trazer mais investimento para o eixo, um legado de desenvolvimento para as cidades do entorno, gerando riqueza às cidades a partir dos novos postos de trabalho”, disse. Segundo ela, o Grupo CCR optou por contratar trabalhadores locais para as obras nas rodovias, para fomentar a economia na região.

    Nesta sexta-feira (4), o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, participam nesta manhã de cerimônia em São José dos Campos, para oficializar a renovação de contrato da concessão da Via Dutra com o Grupo CCR.

    Ao longo dos 30 anos de contrato de concessão, é esperado que sejam gerados cerca de 220 mil empregos diretos e indiretos. Logo neste primeiro ano, já serão dois mil novos empregos, segundo a diretora-presidente da CCR Rio-SP.

    O novo contrato de concessão prevê cerca de R$ 26 bilhões em investimentos, sendo R$ 14,8 bilhões em infraestrutura e mais R$ 10,9 bilhões de custos operacionais.

    “Esses investimentos vão ocorrer em grande parte nos primeiros nove anos de administração. A Via Dutra será rejuvenescida, extremamente tecnológica, com câmeras espalhadas por todos os trechos e com equipamentos de detecção automática”, disse Fornasaro.

    Carla Fornasaro explicou que, antes da nova concessão, a Dutra tinha apenas alguns trechos monitorados com câmeras, aqueles considerados mais “críticos”.

    Agora, com as implementações tecnológicas previstas, a rodovia será toda equipada com mecanismos de auxílio para a inspeção do tráfego.

    “A partir dessas inovações, as próprias câmeras vão nos alertar se qualquer coisa acontecer na rodovia, uma detecção automática de incidentes. Se parar um veículo ou tiver uma ressolagem, a rodovia vai estar não somente vigiada pelos nossos olhos, como sempre ocorreu, mas também vigiada pela tecnologia”, explicou.

    Inovações

    Entre as principais inovações estabelecidas pelo novo contrato, a empresa destaca a iluminação em LED, wi-fi para emergência, monitoramento dos trajetos com câmeras automáticas para identificação de incidentes e a tecnologia iRap (padrão internacional), para reduzir acidentes.

    O sistema de cobrança de pedágio sem parada, por livre passagem, chamado de sistema free flow, também é uma aposta da CCR.

    A diretora-presidente da CCR Rio-SP disse que, após os nove anos iniciais de implementação dessas inovações, o principal desafio será “a incumbência de operar toda a tecnologia”.

    “A partir deste ponto, teremos rodovias totalmente tecnológicas, com todas as câmeras, luzes e os outros dispositivos instalados. Administrar tudo isso, garantir que funcione e que as pessoas tenham viagens mais seguras é o grande desafio”, afirmou.

    Descontos no pedágio

    Os motoristas que passarem pelos pedágios da Dutra/Rio-Santos terão descontos progressivos. A medida é como uma espécie de programa de fidelidade, que beneficia aqueles que mais utilizam os trechos.

    Também foi estabelecida a diretriz de política pública que isenta as motocicletas do pagamento da tarifa de pedágio.

    “O desconto trata-se de um mecanismo da concessão que nasceu junto com o contrato. Ele prevê dois pontos de redução de tarifas ao usuário”, disse Fornasaro.

    O primeiro é o desconto para o usuário frequente, que vale somente para veículos de passeio.

    “O veículo precisa ter uma forma de pagamento eletrônico para passar pelas cabines automáticas. A partir da sua segunda passagem no mesmo sentido, na mesma praça, ele passa a ter descontos nas tarifas, podendo chegar a um desconto de até 73% no final de 30 passagens”, afirmou a diretora-presidente.

    Já o segundo benefício é o chamado DBT (Desconto Básico de Tarifa), que oferece 5% de desconto na primeira passagem e engloba os outros tipos de veículos.

    “Esses descontos são cumulativos, então na hora da cobrança será descontado os 5% mais a porcentagem referente ao número de vezes que o motorista passou pela praça. Foi uma forma de tornar a cobrança mais justa para os usuários, que passam com frequência pelo trecho”, completou Fornasaro.

    Preocupações

    O diretor da FGV Transportes, Marcus Quintella, disse que vê com bons olhos a concessão da Dutra e da Rio-Santos, mas chamou a atenção para alguns gargalos nas rodovias que podem gerar problemas.

    “A maior preocupação é com os cronogramas, que prevê obras estruturais nas marginais pelos lados de São Paulo e do Rio de Janeiro, que atualmente são um grande problema. Hoje, por vezes você leva cerca de uma hora e meia ou duas horas somente para sair do Rio pela Dutra, por causa da sobrecarga de veículos no trecho”, comentou.

    “O cronograma tem que ser cumprido e fiscalizado pelo poder concedente, que tem que ser muito atuante. No entanto, eu não vejo ele agindo dessa forma, atuando no cumprimento do cronograma de obras, o que é fundamental para seu sucesso”, avaliou.

    Quintella também disse que a questão financeira é importante para o sucesso das implementações inovadoras na Dutra e na Rio-Santos, com atenção para o momento econômico que o país atravessa e o risco de inadimplência.

    “A conta tem que fechar. Com menos 10% de pedágio, isenção dos motociclistas, que é um valor ínfimo e só corresponde 5% da arrecadação, mas já vai baixando. Com a crise que temos hoje, é preciso ver se tudo vai funcionar”, salientou.

    Apesar de destacar pontos de preocupação, o professor disse que está otimista com os resultados que serão apresentados pelo novo contrato de concessão.

    “Sem as concessões, não teríamos a boa qualidade que temos hoje no Estado de São Paulo e em outras rodovias brasileiros, que são pouquíssimas. Estou otimista, porque essa concessão é um espelho para as futuras”, concluiu.

    Free Flow

    O sistema chamado “free flow”, ou “tráfego livre”, em inglês, terá sua estreia no Brasil com a concessão do novo contrato da Dutra/Rio-Santos.

    A tecnologia, que já é comum em países desenvolvidos, dispensa o uso de praças de cobrança para o pagamento do pedágio e permite também que os valores pagos pelos motoristas sejam proporcionais aos trechos rodados.

    Ela deverá ser implantada até o fim de 2024 pela concessionária no trecho que contorna a região metropolitana de São Paulo, entre Guarulhos e Arujá, podendo depois ser replicado em outros pontos.

    “O free flow será muito importante, porque vai servir como laboratório de testes para outras experiências, para a evolução de outras rodovias no futuro. É um projeto-piloto para o Brasil inteiro”, avaliou Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes.

    ESG

    Carla Fornasaro também destacou a atenção especial que o projeto prevê para o ESG — Environmental, Social and Governance (ambiental, social e governança, em português).

    “O contrato firmado ressalta a preocupação com o meio-ambiente. Ele traz um programa de carbono zero, no qual vamos ter que neutralizar 90 toneladas de CO₂ ao longo dos 30 anos, algo que é importante não somente para o nosso país, como para o planeta”, disse.

    Segundo ela, as iluminações de LED podem ajudar no cuidado com a fauna nas proximidades, auxiliando na localização de animais silvestres que passam pelos trechos e evitando acidentes.

    “Teremos um olhar especial para a questão da fauna, principalmente na 101, onde muitos animais silvestres passam por ali”, ressaltou.