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    Itens de Páscoa sobem menos que a inflação, segundo FGV

    Arroz foi o maior responsável por esse resultado; preço teve uma queda de 12,2% entre abril de 2021 e março de 2022

    Loja em Brasília vende ovos de Páscoa
    Loja em Brasília vende ovos de Páscoa Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

    Nathalie Hanna Alpacada CNN*

    Os alimentos mais consumidos na Páscoa registraram aumento médio de 3,93%, entre abril de 2021 e março deste ano. A taxa ficou bem abaixo da inflação acumulada no período, de acordo com o IPC-M da FGV, que foi de 9,18%.

    É o que mostra a pesquisa do Instituto Brasileiro da Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), obtida com exclusividade pela CNN.

    O levantamento mostrou que o principal fator que ajudou na desaceleração da cesta foi o arroz, que teve queda de 12,20% no preço em relação a 2021.

    O estudo revela que, se retirar este item, a inflação dos produtos utilizados nesta época saltaria para 9,79%, número um pouco acima da porcentagem registrada.

    Os produtos que mais subiram, segundo a pesquisa, foram os relacionados ao hortifruti, como a couve (21,50%) e a batata-inglesa (18,43%). Em seguida, seguem as proteínas e os importados, como a sardinha em conserva (16,44%), azeite (15,63%) e azeitona em conserva (14,38%). O bacalhau, principal item do almoço de Páscoa, teve um aumento de 11,50%, seguido do ovo (9,89%) e os pescados frescos (8,33%).

    Para o economista e pesquisador do FGV IBRE Matheus Peçanha, era esperada uma taxa maior nas mercadorias em relação à inflação acumulada, já que houve uma grande disparidade nos valores.

    Ele afirma que os principais fatores para o aumento nos preços da cesta são as mudanças climáticas, que apresentou geadas de inverno e grandes períodos de seca.

    “O que estamos sofrendo de raiz da inflação são frutos do clima. Sofremos muito com o fenômeno La niña, que ocorreu no final de 2020 e início de 2021. Quando eliminamos o problema da seca, veio um verão com moções em lugares específicos que derrubaram a oferta e as safras. A boa notícia é que essa característica é passageira. Devemos ter uma safra produzida sobre condições climáticas melhores em abril e, no mês de maio, esperamos que os preços voltem ao normal”, observa o pesquisador.

    Segundo Peçanha, embora os preços já tenham sido examinados, ainda será possível observar uma oscilação antes das festividades.

    “Nós monitoramos os preços dos itens desta cesta nos últimos 12 meses, então eles podem subir mais ainda por ter uma alta demanda nesta época do ano. Quem tiver como já adiantar as compras, seria o ideal para não se deparar com os preços mais altos dos alimentos”, alerta.

    “Além disso, as nossas pesquisas não contemplam produtos como ovos e colombas de Páscoa porque eles são específicos dessa época, não tem durante o ano. Às vezes é mais válido comprar barra de chocolate do que esses itens, que podem ser mais caros. É algo que devemos tomar cuidado”, acrescenta.

    O levantamento apontou que, além dos itens citados acima, outros produtos não apresentaram um aumento tão significativo, como o bolo pronto (7,49%), cebola (6,41%) e o vinho (6,12%). Os últimos da lista, são os bombons e chocolates (3,92%), os mais desejados do período, e o atum (3,59%).

    Impacto da guerra

    O economista destaca que a guerra também é um fator que gera um impacto direto no bolso do consumidor. Ele explica que, embora seja esperada uma safra melhor na área das hortaliças, os reflexos realizados pelo conflito na Ucrânia serão marcados pelo aumento nos fretes por conta do diesel e pelos fertilizantes, que põe em risco a importação nos próximos meses, uma vez que algumas sanções já começaram a ser aplicadas na região.

    “A inflação tem várias frentes. Além dos fatores climáticos, ela deve ser pressionada ainda mais, a partir da guerra. Embora não seja um problema maior que o clima, nós vamos sofrer com o frete porque o diesel está mais caro. Essa questão dos adubos fertilizantes também é uma preocupação justamente por causa da guerra que pode impactar de novo nos alimentos. O governo e entidades dizem que temos estoque de até seis meses, mas se nada for resolvido, a longo prazo poderemos ter um problema maior”, diz.