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    Itaú usa ‘tag’ de pedágio para veículos como estratégia para reter clientes

    A oferta vai começar pelos clientes de cartão de crédito da instituição e, até o fim do ano, estará disponível a todos, inclusive os da operação digital Iti

    Marcelo Mota e Fernando Scheller, do Estadão Conteúdo

    Na guerra cada dia mais acirrada para manter e conquistar clientes, o Itaú Unibanco está adotando mais uma arma. Em parceria com a ConectCar, empresa da qual detém metade do capital, o banco anunciou o lançamento da Tag Itaú.

    O adesivo, que permite passagem automática por todos os pedágios e mais de mil estacionamentos do País, será oferecido sem mensalidade a seus cerca de 60 milhões de clientes – e também para quem quiser vir a ter relacionamento com o banco. A oferta vai começar pelos clientes de cartão de crédito da instituição e, até o fim do ano, estará disponível a todos, inclusive os da operação digital Iti.

    A isenção em serviços do gênero, para parte ou a totalidade dos clientes, já vinha sendo uma estratégia usada pelo Itaú, assim como por alguns de seus concorrentes, como o Bradesco, o C6 Bank e o Inter, que trabalham ao lado de outros parceiros de tecnologia, como a Veloe e a Greenpass.

    Para o sócio-diretor da área industrial da consultoria Roland Berger Brasil, Marcus Ayres, trata-se de uma área que o setor financeiro deverá disputar com cada vez mais afinco, uma vez que pedágios e estacionamentos são apenas a “ponta do iceberg” em relação ao que é possível cobrar por meio de uma tag. Ayres lembra que a Sem Parar, líder do segmento, já firmou até parcerias com o McDonald’s para uso de seu serviço em drive-thru.

    Modelo de negócio

    Para o Itaú, é uma mudança na forma de encarar o próprio serviço ConectCar, que passa a ser menos independente e mais uma ferramenta para agradar ao cliente do banco. “É uma forma diferente de encarar esse investimento que fizemos há anos na ConectCar”, admitiu ontem o diretor e membro do comitê executivo do Itaú Unibanco Alexandre Zancani.

    Agora, em vez de trazer faturamento com a venda dos adesivos magnéticos que permitem o pagamento automático de pedágios e de estacionamentos, o Tag Itaú vai contribuir com a retenção de clientes e com a geração de mais engajamento. “É uma mudança no modelo de negócios para o Itaú”, afirmou Zancani, que espera ver o banco passar a ganhar “com a maior vinculação e venda de outros produtos”.

    Com isso, a maior parte da remuneração do serviço de “tag” passará a vir do banco, e não mais dos clientes finais. “A ConectCar passa a ter custo de aquisição de clientes praticamente zerado, e é remunerado pelo Itaú”, disse o presidente da empresa, Felix Cardamone.

    Segundo ele, os investimentos que capacitavam a companhia a ganhar escala já foram feitos, e o novo modelo, que vai expandir sua base exponencialmente, só acelerará o retorno. Segundo Ayres, da Roland Berger, à medida que o serviço de tags de pagamento se popularizou, a “barreira de entrada” de novos concorrentes no setor diminuiu.

    Desta forma, hoje há desde serviços que têm os pedágios e estacionamentos como negócio central (como a Sem Parar), empresas que têm bancos como sócios (caso da Veloe e da ConectCar) e também startups prontas para oferecer toda a operação tecnológica da oferta para terceiros (Greenpass).

    Mudança societária

    A Conect Car seguirá oferecendo seus pacotes de serviços àqueles que não têm relacionamento com o Itaú Unibanco, mas, antes de rever seu modelo de negócios com o sócio e lançar a Tag Itaú, fez um rearranjo societário. No lugar do grupo Ultra, que detinha a outra metade do capital, entrou a Porto Seguro.

    A operação ainda aguarda a aprovação de autoridades e, segundo Cardamone, uma vez aprovada a substituição no capital, espera-se que a Porto, que é líder no segmento de seguro auto, lance também facilidades para seus clientes com a tag.

     

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