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    Itaú estuda formato de venda que poderá levar, ao final, ao adeus à XP

    O mercado de plataformas de investimentos está muito movimentado diante dos juros baixos aumentando o número de investidores – e o Itaú quer lucrar com a venda

    Foto: REUTERS/Amanda Perobelli

    Fernanda Guimarães e Cynthia Decloedt, do Estadão Conteúdo

    Um pouco mais de quatro meses após partir para uma briga pública com a XP Investimentos, o Itaú Unibanco (ITUB3, ITUB4) anunciou nesta terça-feira, 3, que poderá se desfazer de um dos investimentos de maior retorno da sua história.

    Depois que o assunto parecia estar superado, o maior banco privado da América Latina disse que está em meio a estudos, já em fase avançada, que ao final poderão resultar na despedida da XP, três anos após comprar 49,9% da maior plataforma de investimentos do Brasil e ver o valor investido se multiplicar por várias vezes.

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    Para fazer a venda, o estudo na mesa do Itaú é entregar aos seus acionistas as ações da XP. Para isso, a possibilidade será criar uma nova sociedade, batizada de “Newco”, e segregar nela as ações da XP, ou 41,05% do capital, segundo a instituição financeira.

    As ações seriam o único investimento da nova sociedade. Após isso, os acionistas do Itaú receberiam uma participação acionária dessa nova sociedade. O Itaú frisa que tal cisão, caso seja essa a decisão, não ocorrerá ainda em 2020.

    Como o Itaú possui uma fatia de 46% no capital da XP – a participação de 49,9% inicial foi diluída após a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da XP na bolsa norte-americana Nasdaq –, haveria uma fatia remanescente de 5%.

    Uma das possibilidades, conforme os estudos que estão sendo conduzidos, seria vender essa fatia por meio de uma oferta de ações. Com isso, o Itaú afirma que o movimento geraria um aumento do índice de Capital Principal de Basileia III.

    Se a distribuição for feita de acordo com a participação no capital do Itaú – visto que o banco possui ações preferenciais e ordinárias -, parte da participação da XP irá para Iupar e Itaúsa, que juntas possuem 46% do Itaú, grande parte nas mãos das famílias Setubal, Villela e Moreira Salles (a Itaúsa tem capital aberto e por isso mais acionistas).

    O Itaú informa que a referida venda, se concretizada, “e a depender das condições aplicáveis de mercado” d de aprovação do Conselho de Administração da Companhia, que avaliará detalhadamente as condições a elas aplicáveis e seus efeitos.

    Com esse desenho, o Itaú na prática fará o desinvestimento da XP, sem precisar levar a mercado uma fatia de 46% de uma empresa de cerca de R$ 130 bilhões de valor de mercado – quando comprou metade da companhia a avaliação da XP foi de R$ 12 bilhões.

    O mercado de plataformas de investimentos está muito movimentado diante dos juros baixos aumentando o número de investidores no País, com muita procura pelos ativos.

    O embate entre Itaú e XP ocorreu com uma campanha publicitária lançada em horário nobre na TV Globo, pela qual o Itaú bateu de frente no “coração” e em um dos pilares do negócio da XP: os agentes autônomos.

    O banco questionou a remuneração desses profissionais, feita por meio do comissionamento, o que traria o incentivo de que esse agente indique ao seu cliente um produto com a melhor remuneração para ele e não necessariamente para o cliente. A XP prontamente reagiu.

    A XP usa como um “mantra” que seu principal concorrente são os grandes bancos, onde estão concentrados grande parte dos investimentos dos brasileiros. Hoje, Roberto Setúbal e João Moreira Salles, que representam as famílias donas do Itaú Unibanco, estão sentados no conselho de administração da XP.

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