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    Ipea: Despesas do Brasil na pandemia foram semelhantes a de países desenvolvidos

    Governo federal gastou R$ 520,6 bilhões somente em receitas primárias; especialista diz que verbas foram mal distribuídas

    Hospital de campanha do Exército em Porto Alegre
    Hospital de campanha do Exército em Porto Alegre Foto: Evandro Leal/Enquadrar/Estadão Conteúdo (19.mar.2021)

    Helena Vieira, da CNN, no Rio de Janeiro

    Um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que o pacote fiscal brasileiro destinado ao enfrentamento da pandemia de Covid-19 foi semelhante aos valores utilizados por países desenvolvidos.

    A pesquisa, divulgada nesta quinta-feira (19), aponta que o Brasil gastou 14% do Produto Interno Bruto (PIB) em medidas para mitigar a crise sanitária, frente 18,6% dos Estados Unidos e 19,2% da Espanha. No entanto, segundo o IPEA, esse dispêndio maior não é positivo, já que países com pior êxito no controle da doença tiveram mais gastos. 

    “A análise de caráter preliminar baseia-se em correlações que sugerem que os países de pior êxito no controle da disseminação da doença acabaram sofrendo as maiores perdas do produto, e, por sua vez, esse mesmo insucesso acabou exigindo pacotes fiscais mais amplos para conter e mitigar os impactos da pandemia. Infelizmente, o Brasil não fugiu muito dessas inter-relações. O país se mostrou ineficaz no controle da pandemia, situando-se entre os poucos com mais de mil mortes por milhão de habitantes, e verificou uma forte crise econômica e um pacote fiscal relativamente elevado”, avalia o estudo.

    O estudo aponta que o governo federal gastou R$ 520,6 bilhões somente em receitas primárias, sendo R$ 44,0 bilhões em recursos suplementares para as emergências de saúde pública, com destaque para os R$ 32,1 bilhões de transferências para execução descentralizada por parte dos governos estaduais e municipais. Já com auxílio financeiro à população brasileira, a União desembolsou R$ 78,3 bilhões – 14,9% do total dos custos. 

    “O próprio tamanho do pacote fiscal pode ser explicado, em parte, pela necessidade de remediar uma série de falhas de planejamento, descoordenação, desencontros de informações e tantos outros problemas que comprometeram a eficácia das ações de enfrentamento da pandemia”, diz um trecho da pesquisa. 

    Ainda segundo o estudo, a pandemia de Covid-19 trouxe um duplo choque econômico: a queda na demanda, com a redução no consumo pelas famílias brasileiras e a oferta, em função da paralisação de atividades produtivas. O levantamento ainda ressalta para o aumento da desigualdade social dentro do país, após o início da pandemia de Covid-19.

    O levantamento também destaca a importância do investimento em planejamento para reerguer a economia no pós-covid.“Para a etapa seguinte, pós-controle da pandemia, inúmeros países já anunciaram ou estão anunciando pacotes de estímulo fiscal para favorecer a recuperação econômica e o alcance de objetivos estratégicos de médio e longo prazos, enquanto o Brasil parece apostar na estratégia de que será possível superar a crise social e econômica prescindindo desse tipo de pacote fiscal.”

    A CNN procurou os Ministérios da Economia e da Saúde para comentarem os dados apresentados da pesquisa, mas ainda aguarda um retorno.