Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    IPCA tem alta acima do esperado com vestuário e alimentos, dizem analistas

    Alta de 0,62% em dezembro superou a projeção de variação de 0,46% do mercado; especialistas divergem sobre expectativas da inflação que deve encerrar 2023

    Consumidoras olham produtos em loja de roupas no Rio de Janeiro
    Consumidoras olham produtos em loja de roupas no Rio de Janeiro 30/11/2012REUTERS/Sergio Moraes

    Fabrício Juliãodo CNN Brasil Business

    em São Paulo

    A alta de 0,62% do IPCA de dezembro, que encerrou o indicador oficial da inflação em 5,79% no acumulado de 2022, surpreendeu as projeções com resultado acima do esperado pelo mercado (0,46%). Os maiores impactos para o dado descolar das projeções viram dos grupos de vestuário e alimentação, observam os analistas.

    “Depois do dado mais ameno em novembro, o IPCA voltou a surpreender com alta acima do esperado em dezembro. Além da elevada variação no mês em 0,62%, acima da nossa expectativa de 0,45%, a difusão voltou a subir para 69% e a média dos núcleos acelerou de 0,32% para 0,66% em dezembro”, destacou Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter.

    A variação de 0,62% também veio acima da expectativa da Ativa Investimentos, de 0,47%. Segundo Étore Sanchez, os itens de higiene pessoal e artigos de residência foram os principais responsáveis pela diferença.

    “Os núcleos, sob efeito dos industriais destacados acima, acabaram surpreendendo para cima. Contudo, vale destacar que serviços mostraram-se bem comportados. No final das contas, o IPCA acumulou em 2022 alta de 5,8%, tendo como grande responsável pela alta alimentação no domicílio, com +13,2%”, acrescentou o economista.

    Claudia Moreno, economista do C6 Bank, também destacou que a alta ao longo do ano foi consequência de choques internacionais, além de pressões domésticas.

    “A guerra da Ucrânia, iniciada em fevereiro do ano passado, elevou os preços de combustíveis e grãos e adiou a normalização das cadeias produtivas globais”, pontuou.

    “Pela dinâmica interna, a pressão maior veio do setor de serviços, que inclui restaurantes e salões de beleza, influenciados pela remarcação de preços no pós-pandemia, pela inércia inflacionária e, por último, por um mercado de trabalho mais aquecido”, completou a economista, observando que o alívio nos impostos em 2022 a inflação do ano reduziu a inflação em 3 pontos percentuais.

    Por fim, o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, afirmou que o IPCA “só não foi pior porque a sazonalidade joga contra, já que a época de fim de ano é de inflação elevada, mas a abertura foi bem ruim, principalmente pela aceleração de difusão e da média dos núcleos”.

    Inflação em 2023

    Os especialistas divergem sobre o patamar que o IPCA encerrará este ano. Enquanto algumas projeções indicam que o dado será maior que o registrado em 2022, outras apostam em um leve arrefecimento dos preços.

    Rafaela Vitória, do Inter, espera uma variação do IPCA de 5,2% este ano, um pouco menor que em 2022. “A desaceleração da inflação de bens deve ser o destaque positivo em 2023, com os menores custos de produção, observados principalmente na queda dos preços das commodities”, afirmou.

    Já Nicolas Borsoi, da Nova Futura Investimentos, informou que vai manter a projeção para 2023 de antes do dado do IPCA de dezembro. “Esperamos alta de 5,50%, sem considerar o retorno dos impostos sobre combustíveis”.

    Por fim, a economista Claudia Moreno, do C6, acredita que a inflação deve encerrar 2023 com variação de 5,9%, acima do registrado no ano passado. “Na nossa visão, a inflação deve continuar alta nos próximos meses, como consequência da inércia inflacionária e do mercado de trabalho mais aquecido”, explicou.