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    IPCA de março indica processo gradual de desinflação no país, dizem especialistas

    IBGE informou que a inflação desacelerou a 0,71% em março; no acumulado dos últimos 12 meses, o índice ficou em 4,65%

    REUTERS/Lawrence Bryant

    Danilo Moliternoda CNN

    São Paulo

    O resultado do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de março indica que há um processo de desinflação gradual em curso no Brasil — de acordo com especialistas consultados pela CNN.

    O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta terça-feira (11) que a inflação desacelerou a 0,71% em março. No acumulado dos últimos 12 meses, o índice ficou em 4,65%.

    Para o coordenador de Índices de Preços do FGV Ibre, André Braz, os dados da pesquisa relativos a bens duráveis e serviços livres apontam a ação da elevação das taxas de juros sobre a inflação. Atualmente a Selic está em 13,75% ao ano.

    “Os bens duráveis seguem em desaceleração, mostrando de maneira mais clara os efeitos dos juros sobre a inflação”, afirma. “Os serviços livres subiram 0,25% em março, bem menos do que em fevereiro. Mas a taxa de 12 meses ainda está elevada, 7,6%. E os serviços livres são bom termômetro de como a taxa de juros começa a influenciar a demanda”, completa.

    O grupo Transportes apresentou a maior alta em março, com 2,11%. Com isso, o impacto no índice geral foi de 0,43 ponto percentual. A gasolina teve grande peso na alta verificada no segmento, com 8,33%. O etanol subiu 3,20%.

    O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, destaca a queda no índice de difusão (que ficou em 60%) ao reiterar o processo de desinflação. “A difusão veio para a mínima desde novembro. O que mostra que a alta de preços não está disseminada”, aponta. “Quando a gente abre o índice, a gente vê que quase metade da inflação observada em março se deveu à gasolina. Estamos falando de uma alta muito concentrada”, completa.

    Com a desaceleração para 0,71%, o IPCA ainda fica acima do centro da meta para 2023, de 3,25%, mas aparece dentro teto da meta, de 4,75%.

    André Braz explica que, apesar de o índice se aproximar da meta atualmente, a tendência é de aceleração nos próximos meses. Isso por conta dos períodos de deflação registrados no segundo semestre de 2022 — ocasionados por renúncias fiscais do governo federal.

    Para o professor de economia da ESPM Alexandre Augusto Pereira a inflação apresentada hoje pelo IBGE indica “uma desaceleração da atividade econômica de maneira geral”. O economista avalia que esta desaceleração está ligada à desaceleração da demanda, contida pelos altos juros e pelos riscos internacionais.

    Na visão de Pereira, a baixa demanda é preocupante, mas ele discorda que há um processo de deflação ou desinflação consistente em curso. “O índice de março trouxe para baixo a inflação acumulada em 12 meses, mas o ritmo de alta ainda não é tranquilo. A inflação que vemos vem do lado da oferta, e não da demanda, que ainda está baixa”, concluiu.

    Relatório do Itaú Unibanco sobre a divulgação desta terça reitera o apontamento do especialista. O material projeta o IPCA anual em 6,1%. “Projetamos IPCA em 6,1% em 2023, com reoneração total dos impostos federais sobre combustíveis e aumento do ICMS sobre gasolina, parcialmente compensados por um corte de preços na refinaria pela Petrobras. Para 2024, esperamos IPCA em 4,5%”, indica o texto.