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    IPCA-15 de maio sinaliza que inflação deve ficar alta por mais tempo, dizem economistas

    Uma das medidas que mais preocupam é a leitura sobre os núcleos da inflação, que retiram do cálculo os preços mais voláteis para captar a força e a tendência do processo inflacionário

    Oito dos nove grupos pesquisados pelo IBGE tiveram alta no IPCA-15 de maio
    Oito dos nove grupos pesquisados pelo IBGE tiveram alta no IPCA-15 de maio Marcello Casal Jr./Agência Brasil

    Thais Herédiada CNN

    A desaceleração do IPCA-15 de maio não alivia a expectativa para o comportamento dos preços nos próximos meses, segundo economistas ouvidos pela CNN. O índice registrou alta de 0,59%, de 1,73% do período anterior, mas em 12 meses o IPCA-15 saltou para 12,2%, acima do registrado antes.

    Uma das medidas que mais preocupam é a leitura sobre os núcleos da inflação, que retiram do cálculo os preços mais voláteis para captar a força e a tendência do processo inflacionário.

    “Pela primeira vez desde que começamos a medir os núcleos no banco, a média alcançou dois dígitos, está agora em 10,17%. Essa média sinaliza a persistência do IPCA e nossa perspectiva agora é de que a inflação deve seguir elevada durante um período razoável”, disse Felipe Sichel, economista chefe do banco Modal.

    Oito dos nove grupos pesquisados pelo IBGE tiveram alta no IPCA-15 de maio, comportamento corroborado pelo índice de difusão calculado pelos economistas para medir o espalhamento dos aumentos na economia. Para Sichel, a difusão está em 74,93%, bastante elevado segundo ele.

    Os preços dos serviços voltam a assombrar a inflação e foram uma surpresa negativa no índice de maio. O susto veio dos serviços intensivos em mão de obra e aqueles prestados ao setor automotivo. Já as passagens aéreas subiram 18,4% e contribuíram com uma alta de 0,9 ponto percentual nos preços do setor.

    Outro sinal que alarma os economistas é a pressão sobre os preços industriais, que subiram 1,6% contra 0,8% do mês anterior, antecipando um repasse aos consumidores à frente.

    “A atividade econômica bem tracionada [com revisões para um crescimento maior do PIB] aumenta a preocupação com inflação dos serviços, que podem demonstrar força nos próximos meses. A alta dos núcleos mostra uma permanência maior dessa pressão, uma inércia muito forte, o que contribui para confirmar nosso cenário de 10% para IPCA deste ano. Não vai ter como BC parar de subir os juros tão cedo”, disse Laiz Carvalho, economista para o Brasil do banco BNP Paribas.

    A Selic está em 12,75% ao ano, com compromisso do Banco Central de promover uma nova elevação da taxa na próxima reunião do Comitê de Política Monetária em meados de junho. As sinalizações feitas por membros do Copom desde a última decisão no início do mês são de resistência a uma continuidade no aperto monetário, mas não parece mais um quadro provável.

    “Esse comportamento dos preços exige do BC uma postura ainda mais cautelosa, o que significa mais aperto monetário. Nós já esperamos dois movimentos de 0,50 p.p., levando a Selic a 13,75%, um patamar que deve permanecer por mais tempo. Um cenário que parece provável agora é que a convergência do IPCA à meta aconteça só em 2024. Não há dúvida sobre a capacidade de a inflação convergir, mas sim uma postergação do tempo necessário para isso”, analisa Sichel, do Modal.