Ibovespa fecha em alta de 2,2% com expectativa por regra fiscal; dólar recua a R$ 5,14
Balanços corporativos e discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, também ajudaram a impulsionar o índice
O Ibovespa fechou em alta de 2,22% nesta quarta-feira (8), aos 106.540,32 pontos, com a chance de anúncio de um arcabouço fiscal para o país neste mês servindo como argumento para compras, enquanto o noticiário corporativo corroborou o tom, com as ações de empresas de educação e da Gol impulsionando o índice.
Yduqs liderou o campo positivo, com 12,17% de alta, favorecida pela notícia de que o Ministério da Educação publicou portaria criando o grupo de trabalho para promover estudos técnicos relacionados ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que deve passar por modificações em breve. A Cogna também teve alta, de 8,91%.
A Gol divulgou resultado operacional mais forte do que as expectativas, e encerrou o dia com valorização de 7,45%.
Já o dólar teve em queda de 1,05%, cotado a R$ 5,139.
Na visão de Isabel Lemos, gestora de renda variável da Fator Administração de Recursos, há uma preocupação no Brasil com a questão fiscal e as últimas notícias sugerem que o novo arcabouço pode ser anunciado talvez nas próximas semanas, o que proporciona um “refresco” na bolsa paulista, mesmo que de curto prazo.
Ela acrescentou que muitas ações brasileiras estão “baratas” e “atrativas” do ponto de vista de uma série de variáveis, e que perspectivas que corroborem um cenário de queda de juros no Brasil, incluindo uma regra fiscal crível, por exemplo, abrem espaço para movimentos mais positivos.
Lemos ponderou, contudo, que o mercado continua bastante sensível, com muitos fundos de ações tendo sofrido com o movimento de alta da Selic dos 2% de agosto de 2020 para o nível atual de 13,75% ao ano, com muitos gestores ainda em posições defensivas, buscando melhora de cenário para mudar a alocação.
Além da questão fiscal, a perspectiva de que talvez o Banco Central reduza a Selic tem ganhado força no mercado, tanto pelo melhor absorção da ideia de aumento da meta de inflação quanto pelas preocupações sinalizadas por agentes financeiros sobre riscos no mercado de crédito.
Nesta semana, em relatório a clientes, a Verde Asset Management afirmou que há sinais de um incipiente “credit crunch“ atingindo a economia brasileira, cujo enfrentamento requer boas políticas públicas e não bravatas. “Não por acaso os prêmios de risco dos ativos brasileiros seguem bastante altos”, afirmou.
A chefe de economia da corretora Rico, Rachel de Sá, também chamou a atenção para declarações do secretário extraordinário da reforma tributária, Bernard Appy, em audiência pública no grupo de trabalho da Câmara dos Deputados que discute o assunto, defendendo a importância e urgência da reforma no país.
“A aprovação de uma reforma nos moldes das propostas em discussão no Congresso poderia ser bem avaliada por investidores”, afirmou Sá em comentário a clientes.
Além dos balanços, novas falas do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, no Congresso norte-americano, impactaram a sessão de hoje.
Na terça-feira, Powell fez um discurso mais duro que o esperado e não descartou a hipótese de acelerar o aumento da taxa de juros dos EUA — referência para o restante do mundo. Em resposta, Wall Street caiu mais de 1% no fechamento do pregão, ditando o mau-humor para outras praças do exterior, como Europa e China.
Investidores também aguardam dados de emprego do setor privado nos Estados Unidos, que serão divulgados pela ADP nesta tarde.
Por aqui, falas em torno da reforma tributária e a apresentação do novo arcabouço fiscal seguem nos holofotes.
Na véspera, o dólar fechou o dia cotado a R$ 5,193, em alta de 0,47%. O Ibovespa, por sua vez, fechou em queda de 0,45%, a 104.227,93 pontos.
O Banco Central fez neste pregão leilão de até 16 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 3 de abril de 2023.
*Publicado por Tamara Nassif e Ana Carolina Nunes. Com informações de Muriel Porfiro, da CNN, e da Reuters