Ibovespa fecha em queda com aversão a riscos no exterior; dólar cai a R$ 4,76
Índice caiu 0,22%, mas fechou trimestre com avanço, enquanto moeda norte-americana caiu mais de 14% em relação ao real em três meses
O Ibovespa fechou em queda de 0,22%, aos 119.999,23 pontos, nesta quinta-feira (31), em um dia de volatilidade com leves variações positivas e negativas na última sessão mensal e trimestral. Ações mais vulneráveis a elevações de juros subiram devido à queda nas curvas de juros futuros (DIs), com leve alívio nas preocupações quanto à inflação.
Por outro lado, pesaram negativamente a aversão maior a riscos no exterior, com bolsas nos Estados Unidos e Europa recuando, e a queda de papéis ligados à commodities, em especial ao petróleo, com o tipo Brent registrando queda de 4,88% nesta sessão, devido à liberação de estoque norte-americano e anúncio da Opep+ de aumento no ritmo de produção.
Já o dólar caiu 0,47%, encerrando a R$ 4,762, no menor valor desde março de 2020, com o real mantendo um fluxo de investimentos apoiado nos altos juros do Brasil, ativos considerados descontados na bolsa e busca por países produtores de commodities, cujos preços dispararam com a guerra na Ucrânia.
A queda ocorreu mesmo com um desempenho positivo do dólar no exterior, com o mercado reforçando a aversão a riscos e o pessimismo quanto às negociações entre Ucrânia e Rússia, sem sinais concretos de avanço. Já uma medida de inflação nos Estados Unidos referência do Federal Reserve veio em linha com o esperado, sem surpresas para o mercado.
Graças ao fluxo favorável para o real, a moeda norte-americana acumulou desvalorização de 7,63% no mês de março e de 14,55% no primeiro trimestre deste ano, a maior desde 2009. Já o Ibovespa subiu cerca de 6% em março, o quarto mês seguido de ganhos, e 14% no primeiro trimestre, o melhor desde 2020.
O mercado também seguiu atento a um possível reajuste de 5% para os servidores públicos, o que representaria mais gastos pelo governo e eleva temores de um descontrole fiscal, um cenário que favoreceria o dólar.
Na quarta-feira (30), o dólar teve alta de 0,59%, encerrando a R$ 4,785. Já o Ibovespa subiu 0,2%, alcançando os 120.259,76 pontos, no maior patamar desde 27 de agosto de 2021.
Petróleo
Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia no dia 24 de fevereiro, os mercados de petróleo mostram a maior volatilidade em dois anos, com os preços da commodity chegando a bater níveis vistos pela última vez em 2008.
A commodity tem oscilado na faixa dos US$ 100 e US$ 110 nos últimos dias. Por um lado, o mercado espera uma demanda menor devido a novos lockdowns na China e à perspectiva de um ciclo de alta de juros maior nos Estados Unidos, o que desaceleraria a economia do país.
Ao mesmo tempo, qualquer novidade sobre a guerra influencia os preços, alimentando ou reduzindo temores de problemas na oferta e afetando a cotação.
Porém, se comparado com anos anteriores, o petróleo segue em valores elevados e subiu mais de 30% no primeiro trimestre, devido ao descompasso entre oferta e demanda da commodity, com os principais produtores, reunidos na Opep+, ainda não retomando os níveis de produção pré-pandemia. O quadro foi intensificado com as tensões na Europa.
Commodities
A disparada nas commodities com o conflito no Leste Europeu favorece o mercado brasileiro, e seus efeitos têm ajudado a superar a aversão a riscos com a guerra na Ucrânia, o que beneficia o real até o momento.
O ciclo está ligado, em parte, à alta nos preços do petróleo e do minério de ferro devido à elevada demanda em meio à retomada econômica. O processo de alta de juros nos Estados Unidos também alimenta essa migração, com a saída da renda variável norte-americana.
Outro fator por trás desse movimento são as expectativas de mais medidas pró-crescimento na China que estão aumentando as esperanças de uma recuperação na demanda por metais, o que levou a altas nos preços, reforçadas com a crise na Ucrânia.
Porém, intervenções do governo chinês no mercado e um novo surto de Covid-19 no país com lockdowns ainda geram pressões de queda, em um sobe e desce na cotação, que continua em níveis elevados.
Guerra na Ucrânia
Acompanhe a cobertura ao vivo da CNN sobre o conflito.
Com a guerra na Ucrânia completando um mês, as forças ucranianas têm tentado recuperar território dos russos nos últimos dias, de acordo com um alto funcionário da defesa dos Estados Unidos — que os descreveu como “capazes e dispostos” a fazê-lo.
Rússia e Ucrânia realizaram uma nova rodada de negociações na terça-feira, na Turquia, com uma promessa russa de reduzir a atividade militar na capital, Kiev, e em Chernihiv. O presidente ucraniano sinalizou que o país aceitaria um status de neutralidade, uma exigência russa, mas sem concessões territoriais.
Apesar de a Rússia ter prometido reduzir os ataques na Ucrânia, bombardeios voltaram a ser registrados em Chernihiv, no norte, segundo afirmou o prefeito local Vladyslav Atroshenko.
Até agora, Ucrânia e Rússia se sentaram à mesa para algumas rodadas de negociações. Houve a tentativa de abertura de corredores para retirada da população e chegada de ajuda humanitária.
Do ponto de vista econômico, as sanções de maior impacto econômico para a Rússia estão ligadas à expulsão de bancos russos do Swift, um meio global de processamento de pagamentos.
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*Com informações da Reuters