Ibovespa cai 3,08% puxado por Vale e risco fiscal; dólar sobe mais de 2%
O principal índice da bolsa paulista registrou declínio de 2,4% na semana e de 3,8% no mês, na primeira perda mensal desde fevereiro
O Ibovespa fechou o pregão desta sexta-feira (30) em queda de 3,8%, aos 121.800,79 pontos. Com isso, o principal índice da bolsa paulista registrou declínio de 2,4% na semana e de 3,8% no mês, na primeira perda mensal desde fevereiro.
O cenário de hoje tem grande influência da situação fiscal no Brasil e da Vale, que viu suas ações ordinárias caírem 5,89% durante o dia, chegando a R$ 108,76, por conta de previsões de queda nos preços do minério.
No cenário brasileiro, repercutia mal entrevista do presidente Jair Bolsonaro a uma rádio voltando a citar uma eventual manutenção do auxílio emergencial bem como aumento do Bolsa Família, com temores de que o governo assuma um viés mais populista conforme registra queda em pesquisas.
Dólar
Já o dólar avançou mais de 2,53% ante o real, cotado a R$ 5,2082. O salto foi o mais expressivo desde 19 de julho (+2,59%). Já o patamar foi o mais alto desde sexta-passada (R$ 5,2101).
Na semana, o dólar teve variação negativa de 0,04%, depois de até quinta-feira recuar 2,51% –queda em boa parte ditada pela leitura de manutenção de estímulos nos Estados Unidos.
Em julho, a cotação subiu 4,66%. A alta mensal é a maior desde janeiro (+5,53%) e fez a moeda devolver quase toda a queda de junho (-4,77%). Para meses de julho, a valorização foi a mais forte desde 2015 (+10,16%). Em 2021, o dólar volta a acumular ganho de 0,32%.
De pano de fundo, persistem preocupações com o comportamento da inflação no país, cada vez mais distante do centro da meta definida pelo Banco Central, com perspectivas para a taxa básica de juros Selic no final do ano chegando a 7% conforme a mais recente pesquisa Focus.
A temporada de balanços no Brasil e nos EUA também é assunto por aqui. A Usiminas (USIM5) reportou lucro e receita recordes no segundo trimestre. O lucro líquido da companhia foi de R$ 4,5 bilhões, revertendo prejuízo de R$ 395 milhões do mesmo período no ano passado e ampliando em 277% o lucro do primeiro trimestre deste ano.
Já a Localiza (RENT3) divulgou lucro líquido de R$ 447,9 milhões, um aumento de 398% em relação ao segundo trimestre de 2020. Analistas consultados pela Refinitiv previam lucro de R$ 409,2 milhões.
O dia também é de estreia na Bolsa. As ações da provedora de soluções antifraude ClearSale passam por seu primeiro pregão depois de um IPO precificado em R$ 25, no topo da faixa indicativa.
Lá fora
Os índices acionários norte-americanos encerraram esta sexta-feira em queda, com os papéis da Amazon.com recuando após a empresa projetar um crescimento menor nas vendas, mas ainda assim o S&P 500 cravou seu sexto mês consecutivo de ganhos.
De acordo com dados preliminares, o Dow Jones fechou em queda de 0,42%, a 34.938,17 pontos, enquanto o S&P 500 caiu 0,53%, a 4.395,57 pontos, e o Nasdaq recuou 0,69%, a 14.676,76 pontos.
As ações de Hong Kong e da China retomaram sua queda nesta sexta-feira após mostrarem recuperação na sessão anterior, com os principais índices registrando seu pior desempenho mensal em anos, já que as persistentes preocupações com repressões regulatórias superaram as tentativas de Pequim de acalmar os mercados.
O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, fechou em queda de 0,8% e registrou sua maior perda mensal desde outubro de 2018, enquanto o Índice de Xangai recuou 0,42%, registrando seu pior mês desde maio de 2019.
As ações de tecnologia de Hong Kong despencaram novamente, levando o índice de referência Hang Seng para sua maior queda mensal desde outubro de 2018. O Hang Seng fechou em queda de 1,4%, após mostrar alta de 3,3% na quinta-feira
Investidores globais têm abandonado ações de empresas chinesas depois que Pequim proibiu aulas particulares com fins lucrativos em matérias escolares básicas, medida que vem após repressões ao setor de tecnologia mais cedo este ano. As medidas regulatórias voltaram a despertar preocupações sobre os riscos de investir na China.
Um ressurgimento de casos de Covid-19 na China continental também diminuiu o apetite por risco dos investidores.
*Com Reuters