Dólar fecha abaixo de R$ 5,70 seguindo exterior; Ibovespa tem 2ª semana de queda
Movimentações foram influenciadas pelo IPCA-15 e Caged no cenário doméstico, e inflação dos EUA no exterior
O dólar fechou em queda frente ao real nesta quinta-feira (23), em um dia benigno nos mercados financeiros externos, que estão sendo beneficiados pelo famoso “rali de Natal” e por uma sensação de alívio entre investidores em relação à variante Ômicron. O Ibovespa se descolava do exterior, e operava em baixa.
O dólar à vista recuou 0,09%, a R$ 5,6634 na venda. No acumulado da semana, a moeda norte-americana caiu 0,37%, mas avançou 0,47% em dezembro. Já no acumulado em 2021, o dólar valorizou 9,09% ante o real.
Já o Ibovespa caiu nesta quinta-feira e fechou a semana do Natal em queda, após nova sessão com baixa liquidez e na contramão do mercado externo.
O principal índice da bolsa brasileira caiu 0,33% aos 104.891 pontos, o menor patamar de fechamento desde 2 de dezembro, acumulando queda de 2,2% na semana. O fechamento marcou a segunda semana seguida de desvalorização.
O volume financeiro foi de 14,4 bilhões de reais, mantendo trajetória de queda vista nos últimos dias — no início do mês, volume girava entre cerca de 27 bilhões e 33 bilhões de reais por sessão.
O dólar caiu durante a manhã mas iniciou uma trajetória de alta, com uma tomada de fôlego da moeda norte-americana no exterior após dados de inflação referendarem apostas de alta de juros nos Estados Unidos em 2022, chegando a ultrapassar os R$ 5,70.
Quando a moeda ultrapassou o valor, o Banco Central anunciou o primeiro leilão de venda de dólar à vista do dia. A segunda operação ocorreu perto de 14h. Nos dois leilões, o Bacen colocou um total de US$ 965 milhões à venda, ajudando a conter a alta.
A autoridade monetária, assim, retomou operações extraordinárias no mercado à vista, depois de realizá-las pela última vez na terça-feira. O Banco Central tem recorrido a esse instrumento em dezembro, período típico de redução de liquidez devido ao menor fluxo de negociações e também às remessas de lucros e dividendos.
Na agenda macroeconômica, o mercado analisa no Brasil o IPCA-15, cujas leituras de dezembro e anual vieram ligeiramente abaixo das expectativas.
Da pauta externa, destaque para números de inflação nos Estados Unidos, além de indicadores de atividade no país. O PCE, importante dado inflacionário, teve o maior valor acumulado anual em quase 40 anos em novembro.
No exterior, havia uma certa calma nos mercados internacionais, com alta nos futuros de Wall Street, moedas emergentes e ações asiáticas e europeias.
“A aversão ao risco perde força, após a divulgação de estudos sobre a variante Ômicron, que apontaram menor probabilidade de casos graves quando comparada à variante delta”, disse o Bradesco em nota matinal.
“Mesmo assim, o agravamento da pandemia e a resposta das autoridades, especialmente na Europa, ainda impõe cautela aos negócios, limitando a recuperação dos mercados”.
“As preocupações com a gravidade da variante Ômicron estão arrefecendo, o que impulsiona a demanda por moedas e classes de ativos mais arriscados, ao mesmo tempo que pesa sobre portos seguros como o dólar norte-americano, o iene japonês e títulos soberanos”, disse em nota George Vessey, estrategista da Western Union Business Solutions.
No campo doméstico, o Banco Central terminou na véspera a rolagem de contratos de swap cambial tradicional que venceriam em fevereiro e ainda na véspera anunciou o início, em 3 de janeiro, da rolagem dos derivativos a vencerem em março, que somam R$ 14,1 bilhões (282.270 contratos).
“A execução desta rolagem prevê a realização de leilões diários de swap tradicional e compreenderá o período necessário para que todo o estoque vincendo em 2/3/2022 seja renovado. O BC poderá alterar o lote ofertado a cada dia, ou mesmo acatar propostas em montante inferior à oferta, conforme as condições de demanda pelo instrumento, sem prejuízo do objetivo de rolagem integral do vencimento”, disse o BC em nota em seu site.