Ibovespa encerra semana em queda de 1,89%; dólar sobe 2,92%
Na sessão desta quinta-feira, contudo, o principal índice da B3 teve leve alta, enquanto a moeda norte-americana fechou em queda
O Ibovespa fechou em leve alta de 0,44% nesta quinta-feira (20), último dia útil da semana, aos 104.366,82 pontos, destoando de Wall Street, com certa correção após queda de mais de 2% na véspera. Na sessão, esteve no radar o anúncio de medidas do governo para incentivo ao crédito e PPPs.
No acumulado de 4 dias, o índice registra queda de 1,89% diante, em especial, de preocupações quanto à viabilidade do novo marco fiscal e, no exterior, temor de elevação dos juros nos Estados Unidos.
Já o dólar registrou queda no dia, de 0,52%, cotado a R$ 5,065, após a forte alta da véspera, com investidores reagindo negativamente ao texto do novo marco fiscal, com a sessão conduzida por certa realização de lucros e pelo viés negativo da moeda norte-americana durante a tarde no exterior.
O dólar recuou durante praticamente todo o dia, com alguns investidores vendendo moeda no mercado futuro para realizar parte dos lucros após a alta de quarta-feira. No exterior, a divisa norte-americana também se mantinha à tarde em queda ante moedas como o peso mexicano, o peso chileno e o dólar australiano.
Na semana, a moeda norte-americana registra valorização de 2,92%.
O avanço firme do dólar na quarta-feira deixou espaço para que, nesta quinta de véspera de feriado, parte dos investidores realizasse lucros e se reposicionasse, avaliaram profissionais ouvidos pela Reuters.
Na quarta-feira, o avanço da moeda norte-americana esteve ligado à avaliação de que a proposta do novo arcabouço para as contas públicas traz inconsistências e exime o governo de responsabilidades pelo descumprimento das metas fiscais, além de embutir metas ambiciosas.
“Quarta-feira dólar subiu muito, não era para tanto. Nesta quinta-feira estamos vendo realização e acompanhando um pouco o mercado internacional”, pontuou Mário Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora.
Operador ouvido pela Reuters pontuou ainda que, como sexta-feira é feriado pelo Dia de Tiradentes no Brasil, é natural que alguns investidores mantenham posições compradas (apostas na alta do dólar) como forma de proteção. Mas, como na véspera o avanço da moeda norte-americana foi forte, nesta quinta-feira a atuação foi para encontrar um valor de equilíbrio, não muito baixo.
Ao avaliar o cenário geral, Luiz Felipe Bazzo, presidente do Transferbank, plataforma de transferências internacionais, avaliou que o “mais provável” é que o dólar se mantenha em abril próximo do patamar de 5 reais, podendo registrar período abaixo deste valor.
“Praticamente todas as moedas de países emergentes, de países exportadores de petróleo vêm se valorizando. Há um novo ciclo de commodities que deve se reforçar com a reabertura chinesa”, avaliou Bazzo.
No exterior, o dólar se manteve em baixa durante a tarde, em meio à percepção, trazida por números fracos da economia norte-americana, de que os EUA podem estar caminhando para uma recessão, o que sustenta a visão de que o Federal Reserve pode fazer uma pausa na alta de juros após a reunião de junho.
As vendas de moradias usadas nos EUA caíram 2,4%, para uma taxa anual ajustada sazonalmente de 4,44 milhões de unidades em março, informou a Associação Nacional de Corretores de Imóveis.
Já os pedidos iniciais de auxílio-desemprego subiram em 5 mil, para 245 mil, em dado com ajuste sazonal na semana encerrada em 15 de abril. Economistas consultados pela Reuters previam 240 mil pedidos para a última semana.
O governo federal anunciou, nesta manhã, um pacote com 13 medidas para estimular o crédito e participações público-privadas (PPPs). O objetivo é facilitar o acesso ao crédito e reduzir as taxas de juros no mercado de crédito, em um momento de aperto no Brasil da oferta.
Segundo documento divulgado pelo Ministério da Fazenda, as medidas devem resultar na ampliação do acesso a crédito de forma sustentável, reduzindo custos operacionais, inadimplência e taxas de juros do crédito final aos consumidor.
O anúncio vem dois dias após a entrega do texto da nova regra fiscal, que, pela inclusão de uma lista de exceções, causou incerteza nos mercados e motivou um tombo nos últimos pregões. Na véspera, o Ibovespa recuou 2,12%, aos 103.912,94 pontos, e o dólar avançou 2,20%, cotado a R$ 5,086 na venda.
Com a agenda de indicadores esvaziada nesta véspera do feriado de Tiradentes, as atenções dos investidores também se voltam para os últimos acontecimentos de Brasília, em especial a demissão do general Gonçalves Dias, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
A primeira baixa na equipe ministerial do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aconteceu após imagens reveladas com exclusividade pela CNN, que mostram Dias no Palácio do Planalto durante os ataques criminosos contra os Três Poderes em 8 de janeiro.
A temporada de balanços também segue no radar. Entre os destaques, a Usiminas reportou lucro de R$ 544 milhões no primeiro trimestre de 2023 — uma queda anual de 57%.
Enquanto isso, o presidente norte-americano, Joe Biden, irá anunciar uma doação de US$ 500 milhões ao Fundo Amazônia nesta quinta, durante o Fórum Virtual de Grandes Economias sobre Clima e Energia, informou a Casa Branca.
No exterior, as ações caíam acentuadamente, pressionadas por temores inflacionários e balanços corporativos decepcionantes. Já o dólar operava em leve queda contra uma cesta de pares fortes.
O Banco Central fez neste pregão leilão de até 16 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de junho de 2023.
Publicado por Tamara Nassif e Ana Carolina Nunes. Com informações da Reuters.