Ibovespa cai 1,8% e fecha no menor patamar desde novembro de 2020; dólar sobe a R$ 5,43
Principal índice da B3 terminou o dia aos 96.120,85 pontos, enquanto a moeda norte-americana valorizou 0,53% na sessão
O Ibovespa caiu 1,8%, aos 96.120,85 pontos, nesta quinta-feira (14), puxado para baixo principalmente por ações ligadas às commodities, principalmente o minério de ferro, que recuaram acompanhando a desvalorização nos preços dos produtos em meio à expectativa de uma demanda global menor devido à possibilidade de uma recessão econômica em grandes economias devido aos seus movimentos de alta de juros.
Esse foi o menor patamar para o índice desde 3 de novembro de 2020, quando terminou aos 95.980 pontos.
Já o dólar fechou em alta de 0,53%, a R$ 5,432, refletindo uma valorização global a medida que os investidores aumentaram as apostas em uma alta de juros mais agressiva nos Estados Unidos por parte do Federal Reserve. Nesta sessão, a moeda norte-americana chegou à máxima de R$ 5,49 em relação ao real – maior valor desde 24 de janeiro de 2022.
Na quarta-feira (13), o dólar fechou em queda de 0,65%, a R$ 5,404. Já o Ibovespa recuou 0,40%, aos 97.881 pontos.
Minério de ferro
Os contratos futuros de minério de ferro caíram nesta quinta-feira, com a referência em Singapura negociada abaixo de US$ 100, o menor nível em oito meses, diante do aumento dos temores de que a demanda pelo ingrediente siderúrgico na China permanecerá deprimida no curto prazo.
O contrato de minério de ferro para agosto na Bolsa de Cingapura caiu 8,2%, para US$ 99,90 a tonelada, o nível mais fraco desde novembro passado.
“Os preços do minério de ferro continuam vulneráveis ao risco de queda no curto prazo”, disse Daniel Hynes, estrategista sênior de commodities do ANZ. “A demanda de aço mais fraca do setor de construção na China é um grande obstáculo para o preço do minério de ferro“.
Na Dalian Commodity Exchange da China, o contrato de minério de ferro mais negociado para setembro encerrou as negociações em queda de 2,6%, a 695,50 iuanes (US$ 103,21) a tonelada.
Sinais de desaceleração
O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) norte-americano, divulgado na véspera, registrou uma alta acumulada de 9,1% nos 12 meses encerrados em junho. O indicador não apenas não deu sinais de desaceleração como veio acima do esperado pelo mercado.
Com isso, cresceram as apostas em uma nova elevação de 0,75 ponto percentual nos juros na próxima reunião do Fed, em julho. Além disso, também ganharam força apostas em uma alta de 1 p.p., que seria a maior desde a década de 1990.
Além de tornar o dólar mais atraente para investimentos, a elevação de juros mais agressiva reforça apostas em uma recessão nos Estados Unidos, o que aumenta a aversão a riscos pelos investidores e favorece ativos mais seguros, caso da moeda norte-americana, com a retirada de investimentos em mercados como o brasileiro.
Sentimento global
Os investidores ainda mantêm uma forte aversão global a riscos desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, o que prejudicaria diversos tipos de investimentos.
A principal causa para essa aversão é o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, com a elevação mais recente anunciada pelo Federal Reserve em 4 de maio. A alta foi de 0,75 ponto percentual, maior desde 1994, e novas elevações na mesma magnitude não foram descartas.
Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados de títulos e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.
Entretanto, o combate do país à maior inflação em 41 anos gera crescentes temores de uma recessão na maior economia do mundo devido à necessidade de um aperto monetário agressivo. O risco leva a uma aversão a riscos, favorecendo o dólar e prejudicando ativos considerados arriscados, caso do mercado brasileiro.
Por outro lado, novas restrições em cidades da China foram anunciadas no início de julho, revertendo um cenário de otimismo sobre uma retomada da economia do país após meses de lockdown em Xangai e Pequim. O quadro reforça temores de uma desaceleração econômica chinesa e consequente queda na demanda por commodities.
No cenário doméstico, a PEC dos Benefícios, que cria ou expande benefícios sociais com custo estimado em R$ 41 bilhões, foi mal recebida pelo mercado, já que reforça o risco fiscal ao trazer novos gastos acima do teto.
Com a combinação de ambientes interno e externo adversos, a retirada de investimentos prejudica o Ibovespa e favorece o dólar em relação ao real.
Sobe e desce da B3
Veja os principais destaques do pregão desta quinta-feira:
Maiores altas
- Cielo (CIEL3) +6,44%;
- BB Seguridade (BBSE3) +4,31%;
- Raia Drogasil (RADL3) +3,67%;
- Magazine Luiza (MGLU3) +2,83%;
- Cogna (COGN3) +2,58%
Maiores baixas
- Vale (VALE3) -6,66%;
- CSN (CSNA3) -6,40%;
- Cyrela (CYRE3) -5,95%;
- Bradespar (BRAP4) -5,44%;
- BTG Pactual (BPAC11) -4,86%
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*Com informações da Reuters