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    Ibovespa fecha em leve alta, de 0,2%; dólar encerra em queda, a R$ 5,23

    Moeda norte-americana teve desvalorização de 0,64% e fecha cotada no menor valor desde setembro

    João Pedro Malardo CNN Brasil Business* , em São Paulo

    O Ibovespa encerrou esta quarta-feira (9) em leve alta de 0,2%, aos 112.461,39 pontos, em um dia de volatilidade, impulsionado pela alta nas ações de petroleiras e de empresas ligadas ao consumo interno, assim como das bolsas dos Estados Unidos, mas pressionado, por outro lado, pelos recuos em ações de bancos e de mineradoras.

    Já o dólar fechou em queda de 0,64%, cotado a R$ 5,226. Esse é o menor valor desde 13 de setembro de 2021 (R$ 5,223).

    A moeda refletiu a espera do mercado sobre juros maiores após falas de um dos diretores do Banco Central sobre o tema, na esteira da divulgação do IPCA de janeiro. A inflação veio em linha com o esperado, mas no maior valor mensal em seis anos.

    Participantes do mercado repercutiam nesta quarta-feira comentários feitos mais cedo pelo diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra. Em evento, ele afirmou que a batalha da autarquia contra a inflação está longe de ser vencida, mostrando preocupação com a propagação da alta dos preços.

    Embora Serra tenha dito que seu temor não vai contra a ideia de redução do ritmo de alta de juros, indicada pelo Banco Central tanto em seu comunicado de política monetária, da semana passada, quanto na ata da reunião do Copom, sua fala desencadeou apostas numa taxa Selic terminal mais alta do que o estimado anteriormente.

    Já em relação às ações do Ibovespa, pesam na ponta negativa as ações de mineradoras, como a Vale (VALE3), após o minério de ferro cair cerca de 4% na China, e os papéis de bancos, em especial com a queda de mais de 7% do Bradesco (BBDC4 e BBDC3), que teve lucro trimestral menor que o esperado.

    Na ponta positiva, o destaque era das ações de petroleiras, em especial a Petrobras (PETR3 e PETR4), que seguem a alta do petróleo e tecnologia, como o Méliuz (CASH3).

    Na quarta-feira (8), o dólar fechou em alta de 0,12%, cotado a R$ 5,26. Já o Ibovespa teve alta de 0,21%, aos 112.234,46 pontos.

    Brasil

    No cenário doméstico, os investidores repercutem o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro, que desacelerou para 0,54% e veio em linha com o esperado pelo mercado, assim com as vendas do varejo em dezembro, que caíram 0,1% mas tiveram um desempenho melhor que o previsto, de queda de 0,5%.

    Há, ainda, as análises sobre ata da última reunião do Copom, divulgada na terça-feira e vista como mais dura que o esperado. Nela, o comitê decidiu não informar de quanto serão as altas nos juros nas próximas reuniões, mas manteve a perspectiva de uma redução no ritmo do ciclo de altas, ainda “significativamente em território contracionista”.

    O Copom tem como cenário de referência a Selic a 12% ao ano ao fim do primeiro semestre, encerrando 2022 em 11,75%. Entretanto, ele diz que esse cenário base pode ser ameaçado pela elevada incerteza fiscal e por um ciclo de alta atual nas commodities, como o petróleo. A ata também cita um cenário de inflação disseminada, aumentando a chance de que ela supere as estimativas.

    A principal ameaça fiscal no radar dos investidores é a chamada PEC dos Combustíveis, que permitiria a suspensão de impostos para esses produtos. Representando um possível descontrole de gastos, o tema afeta negativamente tanto o real quanto o Ibovespa.

    Segundos projeções da equipe econômica do governo, a perda de arrecadação pode chegar a R$ 100 bilhões na proposta mais abrangente, passando por R$ 54 bilhões no texto atualmente apoiado pelo Planalto e por R$ 18 bilhões caso o projeto se limite ao diesel.

    Duas PECs sobre o tema já foram protocoladas, uma no Senado e outra na Câmara, e devem ser discutidas ao longo da semana. Uma delas envolveria renúncias fiscais para reduzir o preço dos combustíveis.

    Na terça-feira, diante das pressões do mercado financeiro, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que as duas propostas podem ser desnecessárias se for aprovado o projeto de lei que congela a cobrança do ICMS, que já passou pela Câmara dos Deputados.

    A agenda doméstica recheada de indicadores importantes na cena local ainda deve movimentar a semana, com a divulgação do IBC-Br, considerado a prévia do PIB.

    Exterior

    Além dos juros altos, o Ibovespa vem sendo beneficiado por um movimento de investimentos em commodities e mercados ligados a elas devido a um ciclo de valorização. O real também foi impactado pela mesma razão.

    Expectativas de mais medidas pró-crescimento na China, enquanto pressões econômicas baixistas persistem, estão aumentando as esperanças de uma recuperação na demanda por metais, disseram analistas, o que leva a altas nos preços.

    No caso do petróleo, analistas do Goldman Sachs afirmam que os preços do petróleo Brent devem superar os US$ 100 por barril neste ano. Segundo eles, o mercado de petróleo continua em um “déficit surpreendentemente grande” já que o efeito da variante Ômicron do coronavírus na demanda pela commodity é, até agora, menor do que o que era esperado. Além disso, as tensões na Ucrânia afetam os preços.

    Outro fator que pesa nesse movimento é a expectativa de alta de juros nos Estados Unidos já no mês de março, reforçada por dados de emprego divulgados na semana passada. Com isso, investidores estrangeiros têm saído do mercado de ações norte-americano e migrado para outros vistos como mais resilientes ou baratos.

    Qualquer alta de juros no país, porém, pode afetar os investimentos no Brasil, já que torna os títulos do Tesouro norte-americana ainda mais atrativos para os investidores.

    *Com informações de Priscila Yazbek, do CNN Brasil Business, e da Reuters

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