M. Dias Branco vê sua receita fermentar e ações podem crescer 16%, diz Bradesco
A empresa, líder nos mercados de biscoitos e massas no Brasil, registrou recorde no volume produzido, de 875 mil toneladas
Alguns hábitos (e gostos) passaram ao largo da restrição de ir e vir imposta pela pandemia. Os brasileiros não interromperam o consumo de massas e biscoitos, e a fabricante M.Dias Branco viu sua receita fermentar para o recorde de R$ 2 bilhões. O lucro líquido seguiu a mesma fornada e saltou 97,3% para R$ 265 milhões no terceiro trimestre.
Mas, pesa contra nessa balança o efeito cambial, que continua afetando as margens da companhia. O BTG Pactual destaca, em relatório, que o maior desafio da empresa é realizar uma necessária rodada de reajuste de preços sem prejudicar a sua fatia de mercado.
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“O consumo continuou forte. Mesmo durante a pandemia, a gente lançou produtos, alavancou o que já havia lançado (recentemente) e tivemos uma boa contribuição destes produtos”, disse o diretor de Relações com Investidores da M. Dias, Fábio Cefaly.
Nesse cenário, o Bradesco BBI manteve o preço-alvo para as ações do grupo na faixa de R$ 42 e a recomendação de compra. Isso representa um avanço de 16,6% ante o patamar atual de R$ 36.
No entanto, o analista Leandro Fontanesi, do Bradesco BBI, destaca desafios nos resultados da empresa, os classificando como “mais fracos que o esperado”. O Ebitda , por exemplo, foi 12% menor do que o esperado pelo banco e 11% inferior ao consenso de mercado.
Fontanesi indica ainda certa preocupação com a queda da participação de mercado da empresa nos setores de massas e biscoitos no curto prazo. Ele explica ainda que a M. Dias Branco tem aumentado a sua distribuição com parceiros, o que pode ajudar a sanar o problema no médio e longo prazo.
“Esperamos que, com o fim do auxílio emergencial, os investidores transicionem para papéis mais resilientes em cenários de salários mais baixos. Isso beneficia a M. Dias Brasnco, que vende marcas mais baratas”, diz.
Já o BTG Pactual tem recomendação neutra e espera que as ações subam até R$ 38.
Trigo e Câmbio
Cefaly disse que o desafio de curto prazo, além de todas as questões da pandemia, é o câmbio, que continua afetando as margens da companhia. (A vitória de Biden e o avanço das vacinas podem ajudar neste processo.)
Segundo o executivo, somente no terceiro trimestre o cereal aumentou 22% em relação ao mesmo período de 2019, enquanto o preço médio do portfólio de produtos da M. Dias Branco subiu apenas 3%, em igual comparação.
“Ainda não sentimos recuo no preço do trigo com a entrada da safra nacional. A produção mundial é suficiente para atender a demanda, mas alguns fatores estão criando algum tipo de volatilidade. E, no preço do cereal em reais, o principal ofensor é o câmbio”, explicou Cefaly.
Ao comentar fatores que estão influenciando a volatilidade das cotações globais do trigo, o executivo destacou a formação de estoques em alguns países por temores de segunda onda da Covid-19 e casos de seca entre fornecedores, como Argentina e Rússia.
(Com Reuters)
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