J.P. Morgan corta recomendação para ação da Petrobras e BTG vê valorização menor
Revisões acontecem após eleição de Lula à Presidência, o que, na visão de analistas, pode aumentar intervenção e investimentos na estatal
Os bancos J.P. Morgan e BTG revisaram para baixo, nesta segunda-feira (31), parte de suas expectativas em relação às ações da Petrobras, após a confirmação da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência nas eleições deste domingo.
Em relatório a clientes, o J.P. Morgan cortou a recomendação de compra para a petroleira para “neutra”, e reduziu o preço-alvo de R$ 53 para R$ 37.
Já o BTG Pactual, que também mantém em “neutra” sua recomendação, cortou a expectativa de preço para os próximos 12 meses de R$ 40 para R$ 35,70, consideradas as ações da Petrobras listadas na B3, e de US$ 15 para US$ 13,50, no caso das ADRs, negociadas na bolsa americana.
Em ambos os casos, as projeções ainda embutem alguma valorização nas cotações ao longo dos próximos meses. Por volta das 13h, as ações as preferências da Petrobras (PETR4) caíam 6,9%, negociadas a R$ 30,30, e as ordinárias (PETR3) recuavam 5,9%, para R$ 33,70. Ambas lideravam as quedas no Ibovespa, que passou a manhã oscilando entre o campo positivo e o negativo.
“As principais (mudanças) devem ser na alocação de capital e na política de preços dos combustíveis vendidos no mercado interno”, afirmaram os analistas do J.P. Morgan em seu relatório, acrescentando que o plano de governo do PT prevê que a Petrobras invista em refinarias para permitir que o Brasil dependa menos de combustível importado.
Os analistas do banco norte-americano ainda apontam que o mesmo plano também prevê a implementação de um mecanismo que crie um “preço brasileiro” para os combustíveis.
Desde 2016, a Petrobras adota uma política de preços para os combustíveis que vende no Brasil pela qual acompanha as cotações internacionais do barril de petróleo e do dólar. Esta política, no entanto, foi duramente criticada por Lula ao longo de toda a campanha.
Para o J.P. Morgan, muitas dessas incertezas já estão no preço das ações, e as cotações não refletirão totalmente os fundamentos dos negócios da petroleira até que investidores tenham clareza sobre exatamente o que mudará. “Isso deve levar, em nossa opinião, pelo menos 6 meses.”
Já na visão do BTG, a mudança de governo impõe cautela aos investidores em relação ao que pode ser mudado dentro da companhia, mas fatores externos, como os preços ainda altos do petróleo, ajudam a segurar ainda um bom prognóstico para os resultados.
“Um rebaixamento maior [de recomendação “neutra” para “venda”] vai depender das mensagens que serão enviadas pelo novo governo e das ações que veremos a partir de 2023″, escreveram os analistas do banco, que falam na possibilidade de um programa de investimentos maior na companhia e de um repasse menor de dividendos.
“Preservar parte do pagamento de dividendo pode ser uma proteção para o preço da ação, e nossa visão relativamente agressiva para os preços do petróleo deve também sustentar os impressionantes resultados da Petrobras por um tempo.”
*Com Reuters