Ibovespa fecha em alta e caminha para registrar o melhor trimestre desde 2003
Bolsa brasileira foi embalada pelo maior apetite a risco nos mercados globais, com dados econômicos melhores em um cenário de elevada liquidez
A bolsa paulista fechou em alta nesta segunda-feira (29), após uma semana de perdas, embalada pelo maior apetite a risco nos mercados globais, com dados econômicos melhores em um cenário de elevada liquidez prevalecendo sobre a alta de casos de Covid-19.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 2,03%, a 95.735,35 pontos, reforçando a trajetória que deve garantir mais um mês positivo (+9,5% até o momento) e provavelmente o melhor trimestre desde 2003 – até esta sessão, a alta no período alcança 31,1%. O volume financeiro nesta sessão somou R$ 22,35 bilhões.
“Após forte queda e guiado pelas ações dos bancos e Petrobras, o Ibovespa fechou em alta. A bolsa brasileira acompanhou a recuperação do mercado norte-americano e permanece travado entre 98 e 94 mil pontos”, disse Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.
Na última semana, o Ibovespa acumulou queda de 2,8%, com preocupações acerca do risco de uma nova onda de casos de coronavírus que ameace o processo de reabertura e retomada das economias em todo o mundo.
“Basicamente, tivemos uma realização de lucros na semana passada e agora voltamos à tendência positiva”, afirmou o gestor Ricardo Campos, da Reach Capital, destacando principalmente o ambiente de juros baixos no mundo e no Brasil.
Na visão de Campos, fatores como o número de mortes muito menor do que no pico da pandemia e a evolução dos protocolos de tratamento do vírus respaldam uma queda na disposição para fechar as economias novamente.
A agenda econômica ainda mostrou que recuperação da confiança econômica na zona do euro se intensificou em junho, com melhora em todos os setores.
No Brasil, foram fechadas 331.901 vagas formais de trabalho em maio, pior desempenho para o mês da série disponibilizada pelo Ministério da Economia, com início em 2010, mas melhor em relação à performance fortemente negativa de abril.
Lá fora
Enquanto vários países enfrentam um aumento dos casos de coronavírus, após relaxamento das medidas de isolamento social, o apetite por risco recuava no exterior. Nas principais bolsas do mundo o viés era positivo, ainda que cauteloso, com investidores buscando a segurança de ativos como títulos e ouro.
Em Wall Street, o S&P 500 também começou a semana no azul, em meio a expectativas de recuperação econômica apoiada em estímulos, com as ações da Boeing ajudando, além de dados mostrando sinais de recuperação no setor imobiliário dos EUA.
Ao mesmo tempo, a Gilead Sciences definiu o preço do medicamento remdesivir, seu candidato a tratamento para Covid-19, enquanto firmou um acordo para enviar quase toda a oferta da droga para os EUA nos próximos três meses.
Na zona do euro, as ações encerraram em alta em uma sessão volátil, impulsionadas por fortes ganhos em Wall Street e uma valorização das ações cíclicas, à medida que a melhora dos dados gerou esperanças de uma recuperação econômica mais rápida.
Depois de rondar a estabilidade mais cedo na sessão, o índice pan-europeu STOXX 600 subiu 0,4%, e as ações de blue chips da zona euro subiram 0,9%.
Ainda reverberando as preocupações em torno de uma segunda onda de Covid-19, os índices acionários da China fecharam o dia em baixa. O CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, caiu 0,71%, enquanto o índice de Xangai teve queda de 0,61%. Ao mesmo tempo, no Japão, o índice Nikkei apresentou uma queda ainda mais expressiva com um recuo de 2,30%, chegando a 21.995 pontos.
*Com Reuters