Ibovespa acompanha exterior e fecha em queda, abaixo dos 94 mil pontos
Baixa foi de 2,24% nesta sexta. Na semana, a perda acumulada foi de 2,8%
O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira (26), na esteira do viés negativo no exterior. Bancos e Petrobras fizeram as maiores pressões negativas, após semana de sobe e desce marcada por preocupações quanto ao risco de uma nova onda de casos de Covid-19 em meio à reabertura das economias.
O índice de referência do mercado acionário brasileiro encerrou o pregão em baixa de 2,24%, a 93.834 pontos. O volume financeiro somou R$ 23 bilhões. Na semana, a perda acumulada foi de 2,8%.
Na visão do analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, participantes do mercado adotaram cautela na semana diante do temor de que novas infecções pelo vírus ameacem o processo de reabertura da economia dos EUA e de outros países.
Ele avalia, contudo, que o movimento na bolsa brasileira ainda se trata de uma correção dentro de uma tendência de alta no mercado.
O Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) divulgou nesta sexta-feira 40.588 novos casos de coronavírus no país, o maior aumento diário da pandemia.
Apesar da semana negativa, o Ibovespa caminha para fechar mais um mês com valorização, ainda um reflexo do forte fluxo de pessoas físicas para a bolsa brasileira. A participação desses investidores no volume negociado vem aumentando desde março.
Até o momento, o Ibovespa acumula alta de pouco mais de 7% em junho e um ganho de 28,5% no segundo trimestre, apesar de toda a volatilidade que a pandemia trouxe aos mercados financeiros.
O índice ainda está distante das máximas do começo do ano, quando se aproximou dos 120 mil pontos, mas já se afastou da mínima de 2020, quando regrediu a quase 60 mil pontos em março, duramente afetado pela aversão a risco em razão do Covid-19.
Análise técnica do Itaú BBA, contudo, reiterou que o Ibovespa precisará superar a região de resistência em 97.700 pontos para retomar a trajetória de alta rumo aos 102.300 e 108.800 pontos.
“O Ibovespa segue no movimento de alta, deu uma pausa na tentativa de superar a região de resistência em 97.700 pontos e está em um movimento de realização de lucros. Por enquanto é apenas um movimento de acomodação após as altas recentes”, diz o banco em relatório.
Na visão dos analistas Fábio Perina e Larissa Nappo, o sentimento de alta no curto prazo será mantido enquanto o Ibovespa permanecer acima da região dos 88.400 pontos.
Do noticiário brasileiro, corroboraram o viés negativo novos ruídos envolvendo prisão do ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, em inquérito que investiga a suposta apropriação e desvio de salários de servidores do Rio de Janeiro.
Além disso, “o mercado não achou nada bom, do ponto de vista fiscal, as mensagens de uma possível mudança na regra do teto dos gastos,mencionada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Isso junto com a extensão de prazo nos auxílios emergenciais, que também pesa nos cofres públicos”, diz Cristiane Fensterseifer, analista de ações da Spiti.
Lá fora
Em Wall Street, os principais índices recuaram mais de 2% nesta sexta, conforme vários estados norte-americanos impuseram restrições a atividades empresarias em resposta a um salto em casos do coronavírus.
O S&P 500 fechou em queda de 2,42%, pressionado ainda pelo declínio das ações de instituições financeiras, após o Federal Reserve, banco central dos EUA, limitar pagamentos de dividendos por bancos, após teste de estresse. O Dow Jones caiu 2,84% e o Nasdaq teve queda de 2,59%.
Na semana, o S&P 500 caiu 2,87%, o Dow perdeu 3,31%, e o Nasdaq cedeu 1,87%.
Na zona do euro, as ações também fecharam em baixa. O índice FTSEurofirst 300 caiu 0,4%, enquanto o índice pan-europeu STOXX 600 perdeu 0,39%, depois de ter operado em território positivo mais cedo na sessão. Os bancos foram os maiores perdedores, com queda de 2,2%, com pares afetados pela medida do Federal Reserve para limitar os pagamentos dos acionistas.
Já na Ásia, o mercado acionário japonês se recuperou nesta sexta, acompanhando os ganhos da véspera em Wall Street, com os bancos liderando o rali. O índice Nikkei subiu 1,1%, recuperando-se da mínima de fechamento de uma semana e meia atingida na sessão anterior. Na semana, o índice registrou ganho de 0,1%.
Destaques na B3
Bradesco PN caiu 3,09%, com o setor bancário como todo sofrendo nesta sessão, na esteira da fraqueza de seus pares norte-americanos. No Brasil, o Banco Central também mostrou que o estoque total de crédito no país subiu 0,3% em maio sobre abril, a 3,596 trilhões de reais, num movimento inteiramente puxado pelos financiamentos a empresas. Itaú Unibanco PN, que anda trocando farpas com a sócia XP, fechou em baixa de 1,68%.
Petrobras PN e Petrobras ON recuaram 2,93% e 2,19%, respectivamente, em sessão de fraqueza do petróleo no exterior. Fontes afirmaram à Reuters que a Mubadala Investment, fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos, realizou na quinta-feira uma oferta pela refinaria Landulpho Alves (RLAM), da Petrobras, na Bahia.
Vale ON terminou com declínio de 0,68%, com o setor de mineração e siderurgia como um todo no vermelho.
Cielo ON caiu 4,93%, ainda pressionada após reguladores no Brasil suspenderem o uso do Whatsapp para transações em parcerias com instituições financeiras no Brasil. A Cielo era a única adquirente que participaria do acordo em um primeiro momento.
IRB Brasil RE avançou 5,42%, após divulgar conclusões de investigações que identificaram irregularidades em informações relacionadas a sua base acionária, notadamente o caso envolvendo a desmentida participação da Berkshire Hathaway na empresa, além de problemas em pagamento de bônus e recompra de ações. A resseguradora afirmou que os responsáveis primários já identificados pelas irregularidades não estão mais na companhia e acrescentou que tomará providências legais para se ressarcir dos prejuízos em razão de tais ações.
CCR ON e Ecorodovias ON perderam 5,73% e 3,73%, respectivamente, em sessão de ajustes após forte avanço na véspera.
(Com Reuters)