Ibovespa fecha em queda de 1,3%, em meio a temor por avanço de Covid-19
No cenário externo, clima é de ambiguidade e cautela mediante estímulos e preocupações com segunda onda de contaminações
Após alguns momentos de alta durante a manhã, o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, se firmou no terreno negativo e fechou esta segunda-feira (22) em queda de 1,28%, a 95.335,96 pontos. Foi o primeiro recuo depois de quatro sessões seguidas de alta.
O aumento de infecções por Covid-19 em diferentes países, incluindo Estados Unidos e partes da Europa, reergueram os receios e favoreceram a demanda por ativos seguros nos mercados externos, como ouro e Treasuries, os títulos do Tesouro norte-americano.
Investidores agora temem uma segunda onda global de casos da doença, com a possibilidade de mais medidas de isolamento social ameaçando uma recuperação econômica. No domingo, a Organização Mundial da Saúde relatou uma alta recorde nos casos globais de coronavírus no domingo.
No Brasil, o cenário político continua em foco após mais um fim de semana de protestos no país, os desdobramentos da saída do ministro da Educação, Abraham Weintraub e a prisão de Fabrício Queiroz. No domingo (21), foram registradas manifestações contra e a favor do governo federal em algumas das capitais do país, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte (MG).
Em Brasília, os protestos ocorreram na Esplanada dos Ministérios e cada um dos grupos foi separado pela Polícia Militar (PM), que precisou acionar a cavalaria para conter os manifestantes. Novamente, o presidente Jair Bolsonaro deixou de comparecer aos atos de apoio à sua gestão.
Bolsonaro tem evitado contato com a imprensa nos últimos dias, após a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor parlamentar do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente. O caso representa uma perda expressiva de capital político para o governo, já que a casa onde Queiroz morava há mais de um ano consta na declaração de bens entregue pelo presidente à Justiça Eleitoral quando era candidato ao cargo.
Já na cena econômica, os analistas do mercado financeiro interromperam a sequência de cortes nas projeções para o desempenho da economia brasileira em 2020. Os dados são do relatório Focus, divulgados mais cedo pelo Banco Central (BC). Após 18 semanas seguidas de contração do Produto Interno Bruto (PIB), a previsão do mercado variou levemente de 6,51%, na semana passada, para 6,50%, nesta semana.
Lá fora
Em Wall Street, os três principais índices encerraram o dia em alta, com os maiores ganhos em ações de tecnologia. O Dow Jones subiu 0,59%, para 26.023,04 pontos, o S&P 500 ganhou 0,66%, para 3.118,16 pontos, e o Nasdaq Composite valorizou 1,11%, para 10.056,48 pontos.
Na zona do euro, o índice FTSEurofirst 300 caiu 0,8%, a 1.415 pontos, enquanto o índice pan-europeu STOXX 600 perdeu 0,76%, a 363 pontos, depois de oscilar entre altas e baixas durante a sessão. As ações europeias fecharam perto da mínima de uma semana, com sinais de um ressurgimento nos casos de coronavírus na Alemanha e em outros lugares abalando a aposta numa recuperação econômica rápida.
Já na China, investidores comemoraram as novas reformas de Pequim nos mercados de capital, mas se mantiveram cautelosos. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, ganhou 0,08%, enquanto o índice de Xangai .SSEC perdeu de 0,08%. Um ganho surpreendente veio do índice de startups do país, que atingiu a máxima mais de quatro anos nesta segunda-feira (22).
(Com Reuters)