ETF: COVID-19 abre caminho para fundos de empresas que se lucram com home office
ETFs temáticos vinculados a novas tendências são comuns no mundo dos investimentos. Atualmente, existem ETFs para ações de cannabis e empresas de computação
Há uma boa chance de você estar lendo esta matéria enquanto está em home office, já que a pandemia de coronavírus mudou a forma de como (e onde) milhões de pessoas estão trabalhando agora. Não é de surpreender, portanto, que em breve possa haver um ETF (exchange traded fund) dedicado à crescente economia do trabalho em casa.
A empresa de fundos Direxion entrou com um pedido na SEC (Securities and Exchange Commission) dos Estados Unidos para lançar um fundo que seria proprietário de empresas que provavelmente se beneficiariam com mais pessoas trabalhando virtualmente.
O fundo negociado em bolsa se baseará em um novo índice de Remote Work (Trabalho Remoto) da Solactive que, segundo a Direxion, provavelmente incluirá a Zoom Video Communications (ZM), líder em videoconferência, as empresas de cibersegurança Fortinet (FTNT) e Okta (OKTA) e a companhia de software de gerenciamento de documentos Box (BOX).
O símbolo proposto para o novo ETF é “WFH”, naturalmente, do inglês “working from home”. Se aprovado, seria negociado na NYSE Arca Exchange eletrônica.
ETFs temáticos vinculados a novas tendências são comuns no mundo dos investimentos. Atualmente, existem vários ETFs para ações de cannabis, empresas de computação em nuvem e tecnologia blockchain, por exemplo.
A Solactive disse à CNN Business que o novo índice ainda está em processo de criação. Mas a empresa adiantou como ele funcionaria em março, num texto no seu blog sobre um conceito para o chamado Índice de Trabalho Flexível.
Se o ETF Work From Home proposto for aprovado pelos órgãos reguladores, seria a mais recente tentativa da Direxion de cortejar investidores de longo prazo. A empresa é conhecida principalmente pelos chamados ETFs alavancados e inversos, voltados mais para traders ativos do que para investidores de longo prazo. Os ETFs alavancados permitem que os traders façam apostas exageradas nos movimentos diários dos índices, enquanto os ETFs inversos oferecem às pessoas a capacidade de apostar contra o mercado ou vendê-lo a descoberto.
“Estamos buscando desenvolver mais ETFs para buy and hold”, contou Dave Mazza, diretor administrativo e chefe de produto da Direxion, em entrevista à CNN Business.
Home office como tendência de longo prazo
Muitas ações que podem acabar no ETF – em particular as da Zoom – subiram este ano, já que os investidores apostam que mais pessoas trabalharão em casa no curto e médio prazo.
A tendência para o trabalho remoto vem ocorrendo há um tempo, e Mazza disse que a Direxion estava pensando no plano do ETF da WFH (assim como em ideias para várias estratégias temáticas) antes da atual pandemia.
No entanto, Mazza admitiu que a empresa avançou nos planos de lançar o fundo WFH assim que o surto da Covid-19 transformou o trabalho em casa em realidade para muitos norte-americanos – algo que não deve mudar tão cedo.
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A Direxion espera que o ETF seja aprovado pela SEC no início do verão dos EUA para poder começar a ser negociada no final de junho ou início de julho, disse Mazza.
Um ETF de WFH complementaria vários outros novos produtos da Direxion que visam capitalizar as tendências de investimento de maior abrangência.
A Direxion lançou novos ETFs temáticos em fevereiro, focados em investimentos ambientais, sociais e de governança (ESG), ações de alta qualidade e investimentos em refúgios seguros, como títulos do Tesouro, serviços públicos e ouro.
O último ETF, apelidado de fundo Direxion Flight to Safety Strategy (FLYT), cresceu mais de 3% desde a sua estreia em meados de fevereiro. Dois outros novos ETFs da Direxion não se saíram tão bem: os fundos Direxion MSCI USA ESG Leaders vs. Laggards (ESNG) e Direxion S&P 500 High minus Low Quality (QMJ) caíram mais de 10% desde o lançamento.
Ainda assim, isso é melhor que o mercado como um todo: o índice Dow caiu mais de 20% nos últimos dois meses.