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    Bolsa muda de rumo e fecha em queda nesta sexta-feira; no ano, perda é de 42%

    Volatilidade nos mercados acionários globais permanece elevada diante do contínuo aumento dos casos de coronavírus

    A bolsa brasileira fechou em queda nesta sexta-feira (20), sem conseguir sustentar os ganhos registrados em boa parte do pregão. A volatilidade nos mercados acionários globais permanece bastante elevada diante do contínuo aumento dos casos de coronavírus, com mais de 10 mil mortes já registradas no mundo.

    O Ibovespa, principal índice da B3, terminou o dia em queda de 1,85%, a 67.069 pontos.

    Na semana, acumulou perda de 18,88%, pior resultado desde a semana encerrada em 10 de outubro de 2008. Foi a quinta queda semanal consecutiva, ampliando as perdas em 2020 para 42%.

    “Mesmo com os ativos no patamar de preços que temos hoje, o que vemos é aversão a risco e necessidade de liquidez por conta da paralisação das atividades (devido ao avanço da pandemia)”, diz Gustavo Almeida, da casa de análises Spiti.

    No exterior, Wall Street também encerrou sua pior semana desde outubro de 2008, com o índice S&P 500 caindo mais de 4% nesta sexta, quando estados de Nova York e da Califórnia impuseram duras restrições para manter as pessoas em casa e tentar conter a propagação do coronavírus. O Dow Jones recuou 4,55%, o S&P 500 cedeu 4,34%, e o Nasdaq perdeu 3,79%.

    Já na Europa, o londrino FTSE 100 fechou em alta de 0,76%.

    “O verdadeiro problema é quanto tempo durará a quarentena. (Agora) as pessoas não perguntarão como foi o ano de 2008, perguntarão como foi o ano de 2020”, disse Ryan Giannotto, diretor de pesquisa da GraniteShares em Nova York.

    No Brasil, o governo revisou nesta sexta a previsão oficial para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, de um crescimento de 2,1% para uma estagnação de 0,02%.

    Também o Senado aprovou, em inédita sessão remota e por unanimidade, o decreto de reconhecimento de calamidade pública – já publicado no Diário Oficial da União. O texto desobriga o cumprimento da meta fiscal deste ano para o governo central, abrindo caminho para mais gastos no combate à pandemia.

    Até a quinta-feira, o Brasil tinha 621 casos confirmados do novo coronavírus, avanço de 193 em relação à véspera, segundo o Ministério da Saúde, que também contabilizava seis mortes em decorrência do Covid-19.

    “Ainda há muitas indefinições em relação aos impactos econômicos (do vírus)”, destacou o analista de investimentos, José Falcão Castro, da Easynvest, afirmando que só após maior conhecimento dos indicadores da economia é que o mercado começará a agir com mais racionalidade.

    Destaques

    O recuo das ações dos bancos, que têm grande peso na composição do Ibovespa, ajudou a puxar o índice para o vermelho. As preferenciais do Bradesco desabaram 7,28%, enquanto as do Itaú recuaram 3,5%, em meio ao cenário de menor crescimento do país, além da aversão a risco. Banco do Brasil cedeu 3,79%.

    Vale cedeu 3,32%, contaminada pela deterioração no mercado como um todo, apesar do avanço dos contratos futuros de minério de ferro negociados na China, com otimismo de que Pequim aumente os gastos em projetos de infraestrutura para sustentar a economia, atingida pela epidemia de coronavírus.

    As preferenciais da Petrobras tiveram desvalorização de 1,72%, abandonando a alta do começo do pregão e sucumbindo à queda nos preços do petróleo no exterior. As ordinárias recuaram 1,85%. A companhia informou nesta sexta-feira a postergação do recebimento de ofertas vinculantes nos desinvestimentos em refino e seus respectivos ativos logísticos, em função das medidas de prevenção ao coronavírus.

    As ações da Renner caíram 6,32% nesta sessão, após anunciar o fechamento, por tempo indeterminado, de todas suas lojas físicas de Brasil, Uruguai e Argentina, em shoppings ou em ruas.

    Embraer recuou 12,95%, em meio a ruídos sobre o acordo de venda do controle de sua divisão de aviação comercial para a Boeing, além da queda do dólar ante o real nesta sessão.

    Sabesp fechou em baixa de 8,62%, ainda sob efeito do anúncio do governo de São Paulo de que a companhia vai suspender a cobrança da tarifa social de água para 506 mil famílias carentes no Estado. A medida vale a partir de 1º de abril.

    Aéreas têm recuperação

    Do lado positivo, as preferenciais da Gol e da Azul avançaram 16,48% e 15,29%, respectivamente, no segundo pregão seguido de alta, amparadas em medidas para o setor de aviação civil, além de ações das próprias companhias e queda do dólar ante real (grande parte dos custos do setor são na moeda americana).

    Até quarta-feira, ambos os papéis acumulavam perdas de mais de 80% em 2020. Smiles, controlada pela Gol e que também sofreu bastante nos últimos dias, subiu 11,64%.

    *Com Reuters

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