Bitcoin foi o investimento que mais deu retorno no 1º semestre; ações brasileiras ficam no negativo
Movimento ocorre em meio piora das expectativas do mercado doméstico e expectativa frustrada de corte dos juros nos EUA
O bitcoin foi o ativo que mais valorizou no primeiro semestre deste ano, enquanto papéis de empresas brasileiras deram retorno negativo aos investidores, segundo levantamento da Elos Ayta.
A principal cripto do mercado somou avanço de 63,26% nesta sexta-feira (28). Completam o pódio opções de BDRX — índice da B3 com certificados de ações de companhias estrangeiras — e dólar PTAX, com avanços de 41,07% e 14,82%, respectivamente.
Na direção oposta, opções de Small Caps apresentaram queda de 14,85% no período, enquanto o Ibovespa perdeu 7,66% e o IDIV – índice de dividendos da bolsa brasileira, recuou 3,41%.
Na comparação em 12 meses, o quadro fica semelhante, com bitcoin disparando 130,1%, enquanto as Small Caps somam perda de 11,96% — o único ativo que teve variação negativa no período.
Piora das expectativas
O desempenho negativo dos ativos ligados às empresas brasileiras ocorre em meio à piora das expectativas do mercado para as contas públicas do governo, refletindo em aumento das previsões para a inflação e juros.
Com taxas mais altas, investidores tendem a evitar o risco da renda variável para aproveitar retornos mais atrativos na renda fixa.
O Banco Central (BC) manteve a Selic em 10,5% ao ano no último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), na semana passada, colocando fim ao ciclo de queda dos juros iniciado em agosto do ano passado, quando a taxa básica estava em 13,75% ao ano.
O mercado avalia que novos cortes não devem ser feitos neste ano, de acordo com o Boletim Focus.
O temor dos investidores é pela estratégia do governo em sinalizar que busca o equilibro das contas pelo aumento da receita, e não pelo corte de despesas.
A estratégia foi criticada pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, nesta sexta, afirmando que a medida é menos eficiente e resulta em mais inflação e menos crescimento.
O cenário internacional também refletiu no Brasil, sobretudo na decisão do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) em manter os juros inalterados ao longo de 2024, contrariando as expectativas ao fim do ano passado de início do ciclo de cortes já no primeiro trimestre.
Agora, a expectativa dos investidores é de apenas de dois cortes, em setembro e dezembro, conforme a Ferramenta CME FedWatch.