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    Integrantes do PT dizem que declarações de Campos Neto “distensionam” ambiente e abrem caminho para negociação

    Maior crítica do governo Lula ao presidente do Banco Central está na atual taxa básica de juros e na meta de inflação

    No início da escalada dos ataques ao presidente do Banco Central, coube a Lula as principais e mais incisivas críticas, sendo seguido pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e outros petistas em seguida
    No início da escalada dos ataques ao presidente do Banco Central, coube a Lula as principais e mais incisivas críticas, sendo seguido pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e outros petistas em seguida Nadja Kouchi

    Gabriel HirabahasiTainá Farfanda CNN em Brasília

    Integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT) no Congresso Nacional e no governo acreditam que as recentes declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, serviram para distensionar o ambiente político e abrir um caminho de negociação entre o governo federal e Campos Neto.

    Ouvidos pela CNN sob reserva, esses petistas consideraram boas as falas do presidente do BC ao programa Roda Viva, da TV Cultura, e em um evento promovido pelo BTG Pactual.

    No Roda Viva, na noite de segunda-feira (13), Campos Neto negou que sua atuação seja política e defendeu que o BC “precisa trabalhar junto com o governo e eu vou fazer tudo que estiver ao meu alcance para aproximar o BC do governo”.

    Depois, na manhã desta terça (14), o presidente do BC pediu “boa vontade” com o governo e disse que debate sobre juros é “legítimo”. Esse quadro distensionado observado pelos integrantes do PT, porém, não significa que o partido desistiu de ouvir Campos Neto no Congresso Nacional.

    Caso não haja gestos concretos para marcar a audiência nas próximas semanas, a má vontade dos parlamentares governistas com o presidente do Banco Central deve ser retomada.

    O líder do PT, Zeca Dirceu (PR), disse, nesta terça-feira (14), que defende que Campos Neto compareça voluntariamente ao Congresso para prestar esclarecimentos sobre a política fiscal no país. A maior crítica do governo Lula ao presidente do Banco Central está na atual taxa básica de juros (em 13,75% ao ano) e na meta de inflação (fixada em 3,25% ao ano).

    “O presidente do Banco Central prestaria um grande serviço ao país, ao próprio Banco Central, ao parlamento e à democracia se ele se antecipasse e viesse aqui dialogar conosco. Se ele se dispõe a ir voluntariamente a uma entrevista porque ele não pode vir aqui que é um espaço de debate e de construção de soluções? Entre essas soluções têm que ter uma redução na taxa de juros, não vamos abrir mão disso”, afirmou.

    “Se daqui a algumas semanas ele não se dispor a vir, pode ser que a gente volte com uma carga ainda maior sobre a presença dele aqui”, completou. No entendimento dos integrantes do PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve delegar ao seu partido a função de intensificar as críticas a Campos Neto, se assim for preciso, segundo a estratégia dele.

    No início da escalada dos ataques ao presidente do Banco Central, coube a Lula as principais e mais incisivas críticas, sendo seguido pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e outros petistas em seguida.

    A possibilidade de ouvir Campos Neto no Congresso foi um dos assuntos discutidos em reunião do presidente da Câmara, Arthur Lira, com líderes partidários nesta terça (14). Não houve, porém, uma definição sobre o assunto. O martelo não foi batido sobre a data e o formato dessa audiência (ou seja, se será diretamente no plenário da Casa ou em alguma comissão).

    As discussões devem avançar somente após o Carnaval, que se inicia no próximo fim de semana. Os trabalhos no Congresso só devem ser retomados nos últimos dias de fevereiro.A maior probabilidade no momento, seguindo esse cenário de clima um pouco mais ameno entre o PT e Campos Neto, é que não haja uma convocação do presidente do Banco Central (o que daria um caráter obrigatório à sua presença), mas, sim, um convite (quando a autoridade não tem a obrigação de comparecer à audiência) –o que tornou-se praxe no Congresso nos últimos anos.