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    Inflação deve desacelerar no 2º semestre, caso guerra não avance, diz economista

    Influência do conflito no Leste Europeu no preço dos alimentos pode se acentuar, caso tensão se estenda, cenário que o BC não pode controlar, diz André Braz, da FGV

    Dinheiro: expectativa é que as altas dos juros básicos da economia, anunciadas ao longo dos últimos meses pelo Banco Central, tenham maior impacto para conter a inflação a partir do segundo semestre, explica Braz
    Dinheiro: expectativa é que as altas dos juros básicos da economia, anunciadas ao longo dos últimos meses pelo Banco Central, tenham maior impacto para conter a inflação a partir do segundo semestre, explica Braz REUTERS/Bruno Domingos

    Acima de dois dígitos há meses, a inflação deve começar a desacelerar com mais vigor na segunda metade do ano, avalia André Braz, economista e pesquisador da FGV (Fundação Getulio Vargas). Esse cenário, no entanto, pode ser prejudicado, caso o conflito no Leste Europeu de estenda e envolva mais países, alerta o especialista.

    “A inflação deve começar a desacelerar com mais vigor no segundo semestre, caso o conflito geopolítico não evolua, envolvendo outros países, e não se estenda”, disse à CNN nesta sexta-feira (25).

    A expectativa é que as altas dos juros básicos da economia, anunciadas ao longo dos últimos meses pelo Banco Central, tenham maior impacto para conter a inflação a partir do segundo semestre, explica Braz.

    No entanto, caso a guerra continue, a pressão sobre o preço dos alimentos pode se acentuar, cenário que o BC não pode controlar. “Existem choques internos que a Selic não vai ajudar conter. Os efeitos dessa guerra, sobretudo sobre os preços de alguns alimentos, como trigo, traria novos aumentos para farinha, pães, biscoitos, massas”, diz.

    Além disso, num cenário em que a Selic continue subindo acentuadamente ao longo do ano, como vem acontecendo, os efeitos colaterais dessa política monetária seriam prejudiciais para a economia, diz. “Existe um limite para política monetária conter os preços no Brasil. À medida que a Selic avança muito, ela não contribui para retomada da nossa atividade, pelo contrário, a recuperação leva mais tempo, fica mais difícil”.

    Braz explica que a Selic mais alta no Brasil vem ajudando a conter “um pouco” os preços, sobretudo, pelo lado do câmbio, uma vez que atrai investidores estrangeiros à procura de maiores rendimentos atrelados aos juros.

    “De certa forma, esse aumento da Selic nos ajudou a conter um pouco a inflação pelo lado do câmbio, porque atraiu investidores que ajudaram a conter a desvalorização do real”. A moeda brasileira já acumula no ano valorização acima de 11% em relação ao dólar, ressalta Braz.

    Na manhã desta sexta, o IBGE divulgou o resultado do IPCA-15 de março, considerado a “prévia da inflação” oficial. O índice subiu 0,95% de um mês ao outro, ficando acima das expectativas de analistas, sendo puxado, sobretudo, pelos preços dos alimentos.